Entrevista com Gaspare Junior: surfista de alma e amante da narração surf

Não basta ter o palco montado, boas ondas e os melhores surfistas reunidos para uma competição amadora ou profissional. A gama de profissionais qualificados que trabalham desde a organização até a segurança de água do evento é essencial para alcançar a excelência e proporcionar show de surf competitivo aos amantes e simpatizantes do esporte.

Os juízes são essenciais na estrutura organizacional do evento, compete a eles julgarem as baterias e definirem os campeões. O locutor especialista também é essencial no organograma de trabalho. É ele que narra ao vivo o desempenho dos atletas na onda e passa de forma clara e didática o conhecimento técnico do esporte para o público em geral. O profissional é peça central no tabuleiro de xadrez, cria através da fala a atmosfera competitiva surf, envolvendo o atleta, o público e todos que trabalham na organização na mesma sintonia vibracional. A dinâmica do evento passa pelo locutor especializado e ponto final.

O soteropolitano Gaspare Junior, advogado, educador físico, comentarista de TV, radialista e locutor de evento surf é considerado na atualidade um dos melhores locutores no cenário surf brasileiro. Em entrevista exclusiva, Gaspare conta um pouco da sua vida surf, o trabalho desenvolvido como presidente de entidade do terceiro setor, e, em especial, a sua paixão pela locução de eventos surf.

No evento Qualifying Series #56 da World Surf League, o Itacaré Surf Music QS 1000, que será realizado entre os dias 18 e 21 de Outubro, na praia da Tiririca/BA, Gaspare Junior mais uma vez comporá a equipe de locução oficial do mundial de surf profissional. Segue abaixo a breve entrevista com o profissional multidisciplinar, surfista de alma e amante da narração surf.

Sombreiro Surf (SS) – Qual foi o primeiro contato com o surf, com as competições e como profissional locutor de eventos?

Gaspare Junior (GP) – Vislumbrei o surf em 1984 quando fui morar em Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas/BA, (um lugar paradisíaco com excelentes ondas), aos 11 anos de idade. Fui competidor de Body Board e fiquei 2 anos competindo me sagrando campeão em 1991 do Circuito ASVA (Associação de Surf de Vilas do Atlântico/BA (uma das primeiras associações do Brasil registrada). Fui dirigente de surf sendo presidente de uma associação que fez a diferença no surf baiano na década de 1990 (ASVA), trabalhando a base do surf estadual e revelando vários talentos. A narração  veio por acaso. Em um evento em que nós organizávamos pela ASVA (Villas Classic de Surf\1989) teve o cronograma estourado com a participação de 169 atletas e o evento só seria finalizado na segunda-feira, devido a isso tive que assumir a locução.

(SS) – Explique um pouco o seu caminho profissional até chegar a ser um dos locutores mais requisitados no Brasil?

(GP) – Foi um caminho árduo e é até hoje. Sempre fazendo com dedicação e profissionalismo. O feed back do público me fortalecendo ao longo desses anos foi fundamental na autoconfiança e na certeza de estar fazendo um trabalho com comprometimento. Cada evento que trabalho encaro como se fosse o último e o faço com prazer, alegria e motivação.

(SS) – Tem algum evento em especial que você traz boas recordações?

(GP) – Todos os eventos em que trabalho são importantes na construção do meu profissionalismo. Claro que estar em eventos da WSL/QS é fundamental para o reconhecimento profissional e ter essa confiança por parte dos organizadores nos fortalece nessa caminhada.

(SS) – Não é a primeira vez que você trabalha em uma etapa da WSL. Seu papel é fundamental para o desenvolvimento das baterias, da competição em geral, além de entreter o público e criar a atmosfera surf. Qual é o sentimento em ver a vibração de todos?

(GP) – Narro com paixão e sei que o que o público tanto na praia, quanto na web querem ver e ouvir é a realidade da competição dentro d’água e eu procuro passar com emoção e racionalidade o que acontece sem tendenciar pra atleta. Eu narro a cor da lycra (camisa de competição). Eu fico feliz demais em poder sentir a emoção de quem nos assisti e nos ouve. É a recompensa.

(SS) – O que você espera do QS em Itacaré, como você analisa a participação feminina na etapa #56 e que o público pode esperar?

(GP) – Espero um evento espetacular em Itacaré. O QS 1000 masculino e feminino (etapa 56 do QS), com a participação das mulheres que a cada dia confirmam suas excelentes performances. O público pode esperar o melhor desses atletas e o show de surf está garantido na surf city do Brasil (Itacaré/BA). Pra acompanhar ao vivo é só ir ao site da World Surf League. Estaremos fazendo pela web essa transmissão juntamente com Ronaldo Monteiro, Paulo Issa, Rick Lopes e Armando Daltro (Mandinho).

(SS) – Deixe uma mensagem para os leitores do Portal Sombreiro Surf e seus amigos sergipanos.

(GP) – Desejar sucesso pleno e absoluto pra esse novo site informativo e 100% surf de Sergipe, que é o Sombreiro Surf. E mandar um abraço fraterno pra todos de Sergipe que sempre me acolhem com carinho. Amo vocês. Aloha.

*Vídeo gravado pela equipe Sombreiro Surf na praia da Tiririca, no WSL/QS 1500 Itacaré Surf Sound Festival 2017, apresentando o trabalho profissional da equipe de narração do evento.

Foto Destacada de Fabriciano Jr.: Gaspare Junior entrevista a campeã da etapa Jéssica Becker no Brasileiro de Body Board em Itacaré em 2014.