Mikael Gomide surfista de alma e com muita fé
Sergipe é celeiro de bons surfistas desde o fim dos anos 70. Praticantes de várias gerações se destacaram no cenário competitivo e no free surf pelo mundo. Mikael Gomide P. Barros, surfista local da praia da Cinelândia, com 34 anos de idade e 28 dedicados à prática esportiva mantém seu nome cravado na história.
Inspirado no seu pai, Mikael deu as primeiras remadas em Aracaju, posteriormente desenvolveu o seu surf power na cidade de Salvador/BA. O esforço diário rendeu boas ondas e excelentes recordações.
“As melhores ondas surfadas durante o meu trajeto de vida surf foi no litoral baiano, nas praias de Stella Maris, Aleluia, Vilas do Atlântico e a onda mais pesada de Salvador, localizada na praia do Flamengo. Lembro-me de uma das melhores sessões que fiz, foi um swell épico de 12 pés de onda, onde cabia um caminhão Scania dentro do tubo”, relata de forma eufórica o experiente Mikael.
Na visão do surfista, as praias da Cinelândia e Havaizinho são as melhores ondas da capital sergipana e no interior do estado a praia das Dunas, em Estância. “Uma onda memorável foi quando eu tinha 14 anos de idade, surfei pela primeira vez em Aracaju e fiz um tubo de backside em frente aos Arcos da Orla”, comenta Gomide.
Mikael tem o surf no pé acima da média dos surfistas locais sergipanos. Ele sabe se posicionar muito bem no outside e escolher as melhores ondas em um bom dia de swell. Além de se posicionar bem, Gomide tem excelente leitura de onda e muita vontade em acertar as manobras de forte impacto. Sonhou em representar o Brasil nas competições internacionais, mas a vida infelizmente não lhe deu a oportunidade no momento que ele precisa para ser um competidor profissional.
“Não tive apoio suficiente e nem estímulo como deveria ter tido para poder ingressar na carreira profissional e levantar o caneco para o Brasil entre os top 44 no circuito mundial de surf. Esse foi o principal sonho que tive, mas não se realizou devido as várias situações que a vida me impôs. As dificuldades me deixaram sem chão naquele momento. Mas hoje me sinto alegre e grato ao bom Deus. Ele me dá a oportunidade de surfar até hoje. Por mais que eu não faça parte da elite mundial e não ter tido a oportunidade de seguir a carreira profissional, mas uma coisa que eu sei fazer muito bem é surfar. Em uma conversa com Deus aprendi a amar tudo o que faço: ser perseverante, ter dignidade, ser leal com a vida e com as pessoas que me cerca no nosso dia a dia. Enfim, tudo na vida tem que ser feito com muito amor”, contemporiza o quebrador nato das ondas da praia da Cinelândia, Mikael Gomide.
O surfista sergipano respira surf constantemente em sua vida. Ele tem opinião formada sobre as competições realizadas na terra do famoso cacique Serigy. “As competições em Sergipe são boas, mas precisam elevar o nível ao patamar profissional. As premiações pelo que já observei é o principal fator que precisa melhorar. Os atletas pagam caro e as premiações são precárias para os finalistas de cada categoria”, afirma convictamente o experiente surfista.
Além do surf explosivo no pé e manter suas convicções referentes aos fatos contemporâneos do cenário esportivo competitivo e sinalizar oportunidade de melhoria para os organizadores do circuito da Federação Sergipana de Surf e dos campeonatos amadores, Mikael enfrentou com bom combate as dificuldades ao longo da sua vida. Ele obteve a oportunidade de se aproximar do seu interior através do esporte por meio da fé em Deus.
“A princípio de tudo Jesus em primeiro lugar, depois o surf. Nos planos de Deus fui levado para o mar e assim comecei a praticar o surf. Foi uma excelente descoberta, uma sensação única. Todas as vezes que vou surfar, eu sei que estou indo em direção da salvação. Ela vem antes dos meus pés tocarem na água e minha prancha deslizar pela superfície do mar, sinto que Deus está tocando em meu coração e me fazendo forte o suficiente para eu sempre seguir em frente de meus ideais e não desistir dos meus sonhos, nem me abater perante as dificuldades que a vida pode me apresentar. Portanto, sigo surfando até hoje. Porque depois de Deus e abaixo dos olhos dele, a cada onda que é surfada por Mikael Gomide Prado Barros, que sou eu, percorro um novo caminho, espalhando amor e flores dentro e fora do mar no cotidiano da vida”, exalta com toda fé e esperança o surfista local da Cinelândia.