Alex Ribeiro vence final brasileira com Jadson André no QS 6000 de Newcastle
Os brasileiros começaram 2019 como terminaram 2018, ganhando quase tudo no Circuito Mundial da World Surf League. As duas etapas do WSL Qualifying Series com status QS 6000 terminaram em decisões 100% verde-amarelas. A primeira foi o Oi Hang Loose Pro Contest, com o potiguar Jadson André derrotando o catarinense Yago Dora em Fernando de Noronha. A outra acabou neste domingo de boas ondas em Merewether Beach e com Jadson novamente na final, mas desta vez perdendo para o paulista Alex Ribeiro o título do Burton Automotive Pro, no tradicional Surfest Newcastle da Austrália. Com a vitória, o surfista da Praia Grande saltou da 150.a para a quarta posição no ranking liderado por Jadson André, que classifica dez surfistas para a elite dos top-34 da World Surf League.
“Eu nem consigo acreditar que venci esse evento superimportante, de muita história, é um sentimento incrível”, disse Alex Ribeiro, que integrou a seleção brasileira do CT em 2017, mas não conseguiu se manter na elite. “Foi um dia incrível e disputar uma final com meu amigo Jadson (André) foi fantástico para fechar com chave de ouro. Estou feliz por conseguir vencer ele, pois o Jadson está numa fase incrível, surfando muito bem, então eu sabia que seria difícil ganhar dele. Eu tenho trabalhado muito forte nos treinamentos porque quero voltar ao CT e esse resultado vai me ajudar a chegar lá. Agora é já concentrar no próximo QS 6000 em Sydney (que começa na segunda-feira) para me manter entre os top-10”.
Jadson André também estava feliz por chegar em sua segunda final nos dois eventos que competiu no ano que marca seu retorno à elite do CT após uma temporada fora. Ele ganhou uma disputa direta pela ponta do ranking contra o vice-líder Jack Robinson nas semifinais e Alex Ribeiro despachou Matt Banting no outro confronto Brasil x Austrália. Esta foi a quinta vitória brasileira em Newcastle e a segunda que termina com uma decisão 100% verde-amarela. A primeira foi em 2012, quando o catarinense Willian Cardoso derrotou o paulista Filipe Toledo. Os outros vencedores foram o niteroiense Guilherme Herdy em 1996, o catarinense Neco Padaratz em 2006 e o paulista campeão mundial Adriano de Souza em 2008.
“Eu fiquei a semana inteira tentando visualizar a vitória aqui, mas, por algum motivo que não sei porque, sempre acabava achando que ficaria em segundo lugar, o que é muito estranho, mas foi o que aconteceu”, contou Jadson André. “Mas, estou muito feliz por ver o Alex (Ribeiro) ganhar, pois ele é um grande surfista e merece voltar ao CT. Eu não tenho do que reclamar. Foi uma semana ótima para mim aqui em Newcastle e foi muito bom termos boas ondas no último dia. Agora, estou ainda mais animado para competir em Sydney (no outro QS 6000 da Austrália que começa nesta segunda-feira) e espero fazer outra final lá”.
A decisão em Newcastle começou com Alex Ribeiro pegando as primeiras ondas, mas errando as manobras. Jadson André largou na frente surfando bem sua primeira onda que valeu 7,17. O paulista logo entra na briga completando um belo aéreo nota 7,90. Na sequência, consegue 5,77 para assumir a ponta. Jadson passa a arriscar os voos nas esquerdas, mas sem aterrisar das manobras. Alex também tentou e acertou um aéreo reverse que foi parar no espumeiro, mas ressurgiu em pé na prancha com um Boeing 7,67 para trocar pelo 5,77. O potiguar passou a precisar de 8,4 para vencer nos 15 minutos finais.
Jadson tentou até o fim reverter o resultado, pegando direitas para usar a potência do backside, esquerdas para voar nos aéreos, tudo o que tinha feito para derrotar o norte-americano Tanner Gudauskas nas quartas de final e o australiano Jack Robinson nas semifinais, quando o potiguar fez os recordes do ultimo dia, 17,43 pontos somando notas 9,33 num aéreo incrível e 8,10. Mas, o máximo que conseguiu foi uma nota 6,60 para diminuir a vantagem de Alex Ribeiro, não impedir a vitória do paulista da Praia Grande por 15,57 a 13,77 pontos.
O campeão estava com os aéreos de frontside no pé para dizimar os adversários que enfrentou no último dia. Jadson acabou batendo os recordes do domingo que Alex Ribeiro tinha registrado na última quarta de final contra o francês Charly Quivront, 16,00 pontos com notas 8,77 e 7,23. Nas semifinais, venceu uma verdadeira batalha aérea com Matt Banting. Ele completou o melhor voo da bateria e a nota 8,73 recebida foi decisiva para a vitória apertada por 15,76 a 15,23 pontos sobre o australiano.
PERU NO G-10 – O peruano Miguel Tudela também competiu no domingo e surfou bem na primeira quarta de final, ganhando notas 7,0 e 6,0 em suas melhores ondas. Mas, as do Jack Robinson valeram um pouco a mais para vencer por 13,80 a 13,00 pontos. Miguel Tudela subiu para quarto no ranking do QS com os 2.650 pontos do quinto lugar em Newcastle e depois caiu para quinto com a vitória de Alex Ribeiro. É a melhor posição já alcançada por um surfista peruano em toda a história do WSL Qualifying Series. A nova promessa do surfe australiano é o vice-líder do ranking e depois foi eliminado pelo líder, Jadson André, por uma “combination” de 16,96 pontos, que no surfe é como ganhar de goleada no futebol.
Foi a melhor bateria do potiguar e uma das melhores apresentações de toda a semana nas direitas e esquerdas de Merewether Beach. Ele abriu a bateria já voando numa esquerda para largar na frente com 7,43. Jack Robinson falha na primeira onda e logo Jadson pega uma direita para detonar uma série de quatro batidas e rasgadas de backside que valeu nota 7,00. O australiano pega uma esquerda boa e erra o aéreo de backside de novo, mas acerta na terceira tentativa completando o giro no ar para entrar na briga com 5,67. Jadson responde também com um aéreo rodando de frontside numa esquerda pra aumentar a vantagem com nota 7,63, enquanto Jack faz duas manobras numa direita que rende 6,40.
O australiano passa a precisar de 8,66 para a vitória nos 15 minutos finais. A situação era o inverso da primeira bateria de Jadson no domingo contra Tanner Gudauskas, pois agora estava na frente e com a prioridade de escolha da próxima onda, então passou a marcar de perto o australiano nas remadas e posicionamento no mar. Ele escolhe uma direita que parecia ser boa, porém só rende uma manobra forte e a prioridade fica com o australiano. Só que, na volta para o outside, Jadson pega uma esquerda mais embaixo do pico que forma a rampa pra voar num aéreo reverse muito alto que arrancou 9,33 dos juízes, aplicando uma “combination” de 16,96 pontos na nova promessa do surfe australiano. Jadson ainda pega outra onda para fechar a bateria com nota 8,10, aumentando o recorde de pontos do domingo para 17,43.
G-10 DO QS – No ultimo dia do Surfest Newcastle, Alex Ribeiro foi o terceiro a entrar no G-10 do QS que sobe para o CT. Ele chegou na Austrália em 150 no ranking e tirou da lista o norte-americano Eithan Osborne, vencedor da etapa que abriu a temporada 2019 em Israel. Os outros tinham entrado antes do domingo e foram direto para o seleto grupo dos top-5 do ranking, o peruano Miguel Tudela e o australiano Matt Banting.
Além de Jadson André, o outro brasileiro que permaneceu no G-10 foi o catarinense Yago Dora, vice-campeão na final com o potiguar no Oi Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha. Ele não foi competir em Newcastle e caiu de segundo para sexto no ranking. O potiguar Italo Ferreira também não participou do Burton Automotive Pro e foi ultrapassado por seis surfistas, saindo do nono lugar no G-10 para a 15.a posição.
FINAIS BRASILEIRAS – Nesta segunda-feira, começa o segundo QS 6000 seguido na Austrália e dois brasileiros chegam em Sydney mais próximos da zona de classificação para o CT, o paulista Miguel Pupo e o capixaba Krystian Kymerson. Eles foram até as oitavas de final em Newcastle e estão empatados em 19.o lugar no ranking. No entanto, os 6.000 pontos da vitória no Sydney Surf Pro podem colocar qualquer um entre os dez primeiros, então a chance está aberta para todos que vão competir nas ondas de Manly Beach nessa semana.
No ano passado, essa etapa terminou como a de Newcastle agora, com uma final brasileira que o paulista Deivid Silva ganhou do catarinense Alejo Muniz, depois de também vencerem dois australianos nas semifinais. Um deles, o mesmo Matt Banting que perdeu para Alex Ribeiro neste domingo. O outro foi Reef Heazlewood, um dos quatro australianos que são maioria no G-10 do QS no momento, com Jack Robinson, Matt Banting e Connor O´Leary. O Brasil está com três vagas, do Jadson André, Alex Ribeiro, Yago Dora e o Peru entrou na lista com Miguel Tudela. O americano Cam Richards e o japonês Reo Inaba completam os top-10.
QS 6000 FEMININO – No domingo também foi encerrado o primeiro QS 6000 feminino do ano, com a experiente top do CT, Sally Fitzgibbons, 28 anos, vencendo a final australiana com a mais jovem Isabella Nichols, 22. Esta foi a primeira competição de Fitzgibbons em 2019 e ela já foi direto para o terceiro lugar no ranking do WSL Qualifying Series, com os 6.000 pontos da vitória no Holmes Civil Developments Pro em Newcastle.
“Eu tive alguns obstáculos para superar no início do evento e é uma sensação muito legal ter conseguido ultrapassar as barreiras e conquistar a vitória hoje (domingo) aqui”, disse Sally Fitzgibbons. “Esses eventos do QS são muito competitivos e inspiradores. Eu nunca tive uma adversária da final me carregando pela praia após a bateria e acho que isso mostra bem a personalidade da Isabella (Nichols) e o tamanho do coração dela. Nós duas temos muito respeito pelo surfe de cada uma e passamos um bom tempo treinando juntas recentemente, então foi uma grande honra para mim. Eu sei que ela vai estar no CT em breve”.
O resultado do evento mudou metade da lista das seis surfistas indicadas pelo QS para a elite das top-17 que disputa o título mundial no CT. A vice-campeã Isabella Nichols chegou em Newcastle em 14.o lugar no ranking e assumiria a liderança se vencesse o campeonato, mas ficou em segundo, abaixo da francesa Cannelle Bulard, barrada por Sally Fitzgibbons nas semifinais. A outra semifinalista, Zahli Kelly, também entrou no G-6, subindo do oitavo para o quinto lugar. Nenhuma sul-americana chegou no último dia e a mais bem colocada no ranking é a equatoriana Dominic Barona em 33.o lugar
Aracaju (SE), 19 de março de 2019.
Fonte: WSL South America