Mais de 2 Milhões de Tartaruguinhas vêm por aí!
O Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar acaba de divulgar o balanço parcial da 38ª temporada de desovas das tartarugas marinhas nas áreas onde atua na costa brasileira. Até o momento, o litoral do estado de Sergipe lidera o número de desovas com 10.486 ninhos, seguido pelo litoral da Bahia com 8.442 ninhos, Espírito Santo com 2.661 ninhos e Rio Grande do Norte, que contabilizava 828 ninhos até a data da divulgação. Junto com as tartarugas protegidas nas ilhas oceânicas de Fernando de Noronha-PE (169 ninhos) e Trindade-ES (1.615 ninhos), ambas ainda em temporada de reprodução até o final de junho, mais de 2 milhões de novas tartaruguinhas serão geradas por estes 24.201 ninhos registrados até agora.
Apesar dos resultados promissores, os desafios para assegurar a proteção desses animais ainda são muitos. Dependendo do lugar e da espécie, as ameaças enfrentadas são diferentes, estando principalmente ligadas ao uso das redes de pesca e anzóis, à degradação das áreas de desova e à fotopoluição (presença prejudicial da iluminação artificial no local dos ninhos), além da poluição dos oceanos e das mudanças climáticas. “Nesta temporada registramos cerca de 700 tartarugas-oliva mortas em Sergipe e no litoral norte da Bahia, na sua maioria animais adultos. Essa mortalidade é causada principalmente por causa da captura incidental pela pesca de arrasto de camarão na região”, diz Neca Marcovaldi, fundadora do Projeto Tamar e coordenadora nacional de conservação e pesquisa.
Atividades de sensibilização e educação ambiental abordando temas como a sustentabilidade, a proteção dos oceanos e dos animais marinhos, curiosidades sobre as diferentes espécies de tartarugas marinhas, informações sobre ameaças e outros assuntos foram realizadas em diferentes locais do país. Mais de um milhão de pessoas participaram desses programas nos centros de visitantes do Tamar, nas colônias e associações de pescadores, em condomínios e em empreendimentos turísticos e comerciais próximos às praias de desova.
Esforço de conservação em terra e no mar
Além das atividades de conscientização da população, o Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar trabalha junto das espécies para ajudar na sua conservação. Durante o dia, o objetivo é localizar e marcar os ninhos in situ (no local original de postura pela fêmea). Quando existe algum risco de ameaça humana ou da natureza, as desovas são transferidas para locais seguros (outros trechos de praia ou cercados de incubação situados nas bases do Tamar). Graças ao trabalho de sensibilização, educação ambiental e de inclusão social junto às comunidades locais e turistas, cerca de 99% dos ninhos permanecem em seu local original escolhido pela tartaruga.
Durante a noite, o monitoramento serve principalmente para flagrar as fêmeas em processo de desova, medir e inserir marcas com numerações únicas para rastreamento nas nadadeiras dianteiras, além de coletar um pequeno pedaço de pele de alguns animais para realização de estudos genéticos. Após o nascimento, os ninhos são escavados para coleta e análise de dados relativos a tempo de incubação, taxa de eclosão da espécie, dentre outros.
O Tamar iniciou a proteção em terra das tartarugas marinhas em 1980, começando a combater a pesca incidental em áreas de alimentação a partir dos anos 90. O Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca é realizado desde 2001 e tem como objetivo enfrentar a maior ameaça às populações de tartarugas marinhas da atualidade: a mortalidade causada pelos diferentes tipos dessa atividade..
A boa notícia desta temporada é que passou a valer a partir de 6 de novembro de 2018 a Portaria Interministerial 74/2017 publicada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Ministério do Meio Ambiente. A Portaria estabelece que embarcações pesqueiras que operam na modalidade espinhel horizontal de superfície para captura de atuns e espadartes, uma das mais utilizadas em águas brasileiras e com altas taxas de capturas incidentais, deverão adotar medidas mitigadoras para reduzir a captura e a mortalidade de tartarugas.. Todas as embarcações pesqueiras que operem nessa categoria e tenham como espécies-alvo principais os peixes Albacora laje (Thunnus albacares), Albacora branca (Thunnus alalunga), Albacora bandolim (Thunnus obesus) e Espadarte (Xiphias gladius) devem adotar essas medidas. Anzóis circulares sem argola maiores ou iguais a 14/0 são os modelos que devem ser utilizados. Entre em contato conosco para saber mais sobre a obrigatoriedade do anzol circular e sobre como ajudar a preservar as Tartarugas.
Marinhas deixaatartaruganadar@tamar.org.br
Aracaju (SE) 05 de julho de 2019.
Fonte: Projeto Tamar