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Medina vence final brasileira inédita com Italo em Jeffreys Bay

Uma final fantástica e inédita entre dois brasileiros que surfam de costas para as direitas de Jeffreys Bay, fechou o Corona Open J-Bay com o bicampeão mundial Gabriel Medina fazendo os recordes do campeonato para bater o potiguar Italo Ferreira por 19,50 a 16,77 pontos. Desde 1984, um goofy-footer não vencia a etapa sul-africana e o Brasil conseguiu quebrar esse tabu em dose dupla, com dois finalistas que surfam com o pé direito à frente da prancha nas direitas mais longas do World Surf League Championship Tour. Com a vitória, Medina subiu para o sétimo lugar no ranking e é o atual campeão das duas próximas etapas. Ele agora tem chances até de brigar pela liderança no Tahiti Pro Teahupoo, que começa em 21 de agosto na Polinésia Francesa, assim como Italo Ferreira e o novo vice-líder, Filipe Toledo.

Gabriel Medina (Foto: Pierre Tostee / WSL via Getty Images)

“O Italo (Ferreira) está sempre me vencendo nas baterias e pra mim foi bom ganhar dele pelo menos uma vez”, disse Gabriel Medina. “Ele surfou muito hoje (sexta-feira) aqui, começou bem a final e isso me deixou bastante desconfortável, mas estou muito feliz porque depois achei boas ondas para vencer. Fico contente também em fazer uma final inédita entre dois goofy-footers e ser campeão é melhor ainda, mas acho que o Filipe (Toledo) é um dos melhores surfistas aqui. Ele sabe o tempo certo da onda, como surfar essas direitas e foi muito bom fazer a final com o Italo e o Filipe ficando em terceiro lugar, foi ótimo para nós, brasileiros”.

Sobre a busca pelo tricampeonato mundial esse ano, Medina falou: “Eu estou de volta! Nós temos trabalhado muito forte para isso e ver agora três brasileiros na disputa direta pelo título é realmente gratificante. Esse campeonato é muito difícil e muito especial, então estou muito feliz por ter vencido. Parece uma loucura, mas estou na briga de novo. Eu venci as duas etapas que vem por aí no ano passado, estou surfando bem e vamos ver o que vai acontecer. Estou feliz por ter ganho o evento aqui hoje, mas no Taiti vamos começar do zero de novo”.

Gabriel Medina (Foto: Ed Sloane / WSL via Getty Images)

NOVO LÍDER – Foi realmente uma decisão de título sensacional. Italo Ferreira tinha acabado com a chance de Filipe Toledo tentar um igualmente inédito tricampeonato consecutivo em Jeffreys Bay, derrotando-o na semifinal por 17,50 a 14,00 pontos. Filipe tinha começado bem com nota 9,00 e depois só surfou mais uma onda que valeu 5,00.

Italo conseguiu um 9,50 com um ataque insano de backside numa direita incrível e depois tirou um 8,00 na última onda para selar a vitória. Filipe assumiria a liderança do ranking se passasse para a final, pois o novo número 1 do Jeep Leaderboard, Kolohe Andino, tinha perdido a bateria anterior para Gabriel Medina, por uma pequena diferença de 14,30 a 14,00 pontos sobre o californiano.

Italo Ferreira (Foto: Pierre Tostee / WSL via Getty Images)

DECISÃO DO TÍTULO – A grande final começou com Italo detonando sua primeira onda para largar na frente com uma nota excelente, 9,10. Logo conseguiu um 5,50, enquanto Medina falhava nas duas primeiras que surfou. Mas, a terceira foi boa, o bicampeão mundial acertou as manobras com agressividade e velocidade para entrar na briga com nota 9,73. Dois dos cinco juízes deram 10 para ele. Italo respondeu bem com 7,67 para se manter na frente e Medina voltou a errar em três ondas seguidas.

No entanto, não desistiu e pegou outra onda boa quando restavam 5 minutos para o término da bateria. Ele começou seu ataque com uma batida debaixo do lip muito forte, emendou um longo floater e seguiu mandando um rasgadão abrindo um grande leque de água, outro batidão de cabeça pra baixo, mais uma grande manobra e achou um tubaço de grabrail para fechar a melhor apresentação de todo o campeonato. Nessa, somente um juiz deu nota 10, mas a média ficou em 9,77, a maior da etapa sul-africana esse ano. Com ela, faturou o título com um novo recorde de 19,50 pontos de 20 possíveis, contra 16,77 do potiguar.

Gabriel Medina e Italo Ferreira (Foto: Ed Sloane / WSL via Getty Images)

“Foi uma semana muito longa e fazer a final com o Gabriel (Medina) foi incrível”, disse Italo Ferreira. “Ele surfou de forma incrível hoje (sexta-feira) aqui, estava detonando as ondas e me detonou também, mas tudo bem, estou feliz pelo meu desempenho também e o segundo lugar foi um grande resultado. É muito divertido surfar uma onda tão perfeita e desafiadora como essa. Eu sempre procuro surfar aqui sem crowd para treinar nessa onda e espero conseguir uma vitória aqui no próximo ano. Só tenho que agradecer a todos pelo carinho e parabéns ao Gabriel, que realmente conquistou merecidamente a vitória”.

O potiguar nunca tinha passado da terceira fase em todas as suas participações nas direitas mais longas do Circuito Mundial. Já Gabriel Medina sempre conseguiu bons resultados na África do Sul, chegando nas quartas de final em todas e uma vez nas semifinais. Desde 2009, um goofy-footer não decidia o título em Jeffreys Bay e o Brasil quebrou esse tabu em dose dupla, com Gabriel Medina repetindo um feito único conseguido pelo australiano Mark Occhilupo 35 anos atrás, em 1984, quando derrotou o havaiano Hans Hedemann na final.

(Foto: Pierre Tostee / WSL via Getty Images)

BRIGA PELA PONTA NO TAITI – Com a sua primeira vitória no Corona Open J-Bay, Gabriel Medina faturou mais um prêmio de 100.000 dólares e ganhou uma posição no ranking, subindo do oitavo para o sétimo lugar. O vice-campeão Italo Ferreira recebeu 55.000 dólares e foi da sexta para a quarta colocação na classificação geral das seis etapas completadas na África do Sul. O norte-americano Kolohe Andino assumiu a dianteira na corrida do título mundial com 33.845 pontos, contra 33.280 do novo vice-líder, Filipe Toledo.

Os três brasileiros têm chances matemáticas de brigar pela ponta no Taiti. Para Filipe Toledo, a batalha será fase a fase com Kolohe Andino. Italo Ferreira, assim como o japonês Kanoa Igarashi em quinto no ranking e o sul-africano Jordy Smith em sexto, terão que chegar nas quartas de final para ultrapassar a pontuação do californiano. Já Gabriel Medina só consegue isso se chegar na grande final nos tubos de Teahupoo, onde já tem duas vitórias e vai defender o título conquistado na final do ano passado contra Owen Wright. O australiano foi a sua primeira vítima na bateria que abriu a sexta-feira decisiva do Corona Open J-Bay.

Filipe Toledo (Foto: Ed Sloane / WSL via Getty Images)

LÍDER COM VITÓRIA – A corrida pelo título mundial feminino também tem uma nova líder, a tricampeã mundial Carissa Moore. A havaiana já tinha tirado a lycra amarela do Jeep Leaderboard de Sally Fitzgibbons, para quem perdeu a decisão do Oi Rio Pro em Saquarema, quando derrotou a norte-americana Caroline Marks nas semifinais. Na grande final, surfou a melhor onda da bateria e a nota 8,50 recebida acabou decidindo sua primeira vitória no ano, por 15,47 a 14,60 pontos da californiana Lakey Peterson, que repetiu o vice-campeonato do ano passado, quando foi derrotada pela australiana Stephanie Gilmore.

“Eu simplesmente tentei fazer meu melhor e estou muito feliz em voltar a sentir o gostinho da vitória e por voltar a vestir a lycra amarela de líder do ranking”, disse Carissa Moore. “Os últimos anos foram muito difíceis pra mim e estou realmente muito satisfeita por voltar a estar na briga pelo título mundial. Foi um evento em condições incríveis e com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas estou muito feliz e parabéns a Lakey (Peterson), ao Italo (Ferreira), ao Gabriel (Medina), pois foi realmente um grande evento”.

Carissa Moore (Foto: Pierre Tostee / WSL via Getty Images)

Assim como na categoria masculina, a disputa pelo título mundial feminino está bastante acirrada. Seis surfistas diferentes venceram as seis etapas disputadas esse ano. A jovem Caroline Marks surpreendeu ao ganhar a primeira na Gold Coast, depois a também americana Courtney Conlogue venceu a segunda em Bells Beach, Stephanie Gilmore levou a terceira em Bali, Lakey Peterson foi a campeã em Margaret River, Sally Fitzgibbons derrotou Carissa Moore na decisão do Oi Rio Pro em Saquarema e a havaiana ganhou agora em Jeffreys Bay, para voltar a vestir a lycra amarela do Jeep Leaderboard. A próxima etapa para as meninas é o Surf Ranch Pro, nos dias 19 a 22 de setembro no Surf Ranch em Lemoore, na Califórnia.

“É incrível e quase inacreditável conseguir fazer duas finais seguidas aqui em Jeffreys Bay”, disse Lakey Peterson. “A Carissa (Moore) está surfando incrivelmente bem, já é a segunda final seguida dela esse ano e eu fiz o melhor possível para tentar vencer, mas não consegui e parabéns a ela que mereceu o título. Espero levar esses bons momentos que vivi aqui para as próximas etapas e foco total para o restante do ano. Obrigado a todos que torceram por mim em casa, ao meu marido que está aqui e vamos com tudo para a próxima”. 

Lakey Peterson, Carissa Moore, Gabriel Medina e Italo Ferreira (Foto: Ed Sloane / WSL via Getty Images)

Mais informações, notícias, fotos, vídeos e todos os resultados do Corona Open J-Bay podem ser acessadas na página do evento no www.worldsurfleague.com que transmitiu a etapa sul-africana ao vivo de Jeffreys Bay como o Facebook Live e o aplicativo da World Surf League. O próximo desafio dos melhores surfistas do mundo será no Tahiti Pro Teahupoo, de 21 de agosto a 1.o de setembro na Polinésia Francesa.

Aracaju (SE), 19 de julho de 2019.

Fonte: João Carvalho/WSL South America Media Manager

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