EntrevistaThe TimeTrip Surf

Ricardo Quaranta quebra as ondas em Fernando de Noronha

A alegria do surfista pode ser medida ao surfar excelentes ondas num bom dia de surf. Achando insuficiente, ao se deitar para dormir, o amante da natureza lembra a melhor onda do dia registrada em sua mente e, alimenta o “sonho de viajar para pegar a onda perfeita”.

Não é diferente para Ricardo Quaranta, de 49 anos, surfista local da Praia do Havaizinho, residente há 18 anos do bairro Coroa do Meio, na capital sergipana. Aos 16 anos iniciou a prática esportiva, e partir daí, a alegria de Ricardo por ser surfista na veia, alimentou o sonho dele ir atrás e buscar a onda perfeita ao longo da vida.

Ao conceder entrevista para o Sombreiro Surf (SS), Ricardo citou que sempre veraneou na Praia de Atalaia com seus pais, ainda na adolescência começou a surfar com prancha de isopor, e hoje quem diria, está surfando com prancha epóxi.

Surfista local da Praia do Havaizinho, em Aracaju, Ricardo Quaranta – Foto: Arquivo Pessoal

O surfista vivenciou todas as fases do desenvolvimento tecnológico da fabricação de prancha. Ele também lembrou seu amigo, Tony Júnior, que emprestava as pranchas de fibra, e através do gesto de amizade, passou a gostar do esporte e a praticar quase que diariamente.

No último mês de março, Ricardo Quaranta (RQ) viajou ao lado dos seus amigos para Fernando de Noronha. A temporada das ondas do “Havaí Brasileiro” estava aberta e todos estavam instigados para surfar a onda perfeita, a onda dos sonhos.

Confira abaixo a entrevista de Quaranta e obtenha as melhores dicas para você realizar o sonho de conhecer a ilha habitada do Arquipélago de 21 ilhas, Fernando de Noronha, e desfrutar das inúmeras belezas naturais e pegar as ondas “capa de revista”.

Visual irado de Fernando de Noronha – Foto: Arquivo Pessoal

(SS) – Nos fale da sua preparação para pegar a temporada de ondas na Ilha de Fernando de Noronha?

RQ – Comprei os pacotes aéreos e hospedagem em dezembro de 2018, e já em janeiro de 2019 intensifiquei os treinamentos na Nossa Academia, focando como sempre no “Core”. Com passagem para dia 16 de março, foram mais de dois meses de treinamento, sem falar de surf 4 a 5 vezes por semana, a depender do swell. Algumas idas a Praia das Dunas em Estância, pico que prefiro no litoral sul do Estado, onde as ondas são mais fortes e cavadas. Vale ressaltar que durante todo ano faço academia com série voltada para o surf, a fim de melhorar remada, resistência e força nas pernas.

(SS) – Quais surfistas sergipanos estavam na trip surf?

RQ – Carlos Alberto “Triguili”, Wagner “Padeiro”, José Edson  “Papagaio”, Lincon Amazonas, Alexandre BDL, Venturinha, Marcílio, Luiz Santana, Júlio “Japa”, Breno “Dondon”, Diego, primo de Breno.

Surfistas sergipanos em Fernando de Noronha – Foto: Arquivo Pessoal

(SS) – Comente as reações ao pisar na Ilha de Fernando de Noronha?

RQ – Como estive na ilha de Fernando de Noronha em setembro de 2018 com minha esposa, quase sem onda, resolvi voltar na temporada, de dezembro a março, e assim que chegamos nos acomodamos e fomos surfar primeiro na Cacimba do Padre, porém as condições estavam melhores na Praia do Bode que fica ao lado, com tubos perfeitos e ondas de 4 a 6 pés. A adrenalina subiu ao chegar ao pico e ver uma sequência de dois outros surfistas entrando no tubo, e saindo pela porta.

(SS) – Fale um pouco dos principais picos surf e sobre a receptividade dos locais?

RQ – Entre os picos na Vila dos Remédios temos Praia da Conceição, Praia do Meio e Praia do Cachorro, destaque para Praia da Conceição, fundo de areia entre dois morros de pedra. Já no lado que chamam Mar de Dentro, temos Praia do Boldró, Cacimba do Padre, Praia do Bode, e Quixaba. Existem outros como Abras, Porto, que rolam raramente com swells específicos.

Ricardo Quaranta bota pra dentro do tubo da Praia do Bode – Foto: Marcelo Freire Noronha

(SS) – Qual foi o melhor pico de surf?

RQ – O melhor pico sem dúvida foi Cacimba do Padre, uma esquerda que não deixa dúvidas ao surfista, seja regular, meu caso, ou goofy, proporcionando uma esquerda limpa abrindo, surf base lipe, entretanto a Praia do Boldró, por ser um reef, sempre apresentava condições clássicas, ondas idênticas, uma após a outra. A Praia do Bode vale registrar que estava em ótimas condições com tubos para os dois lados, nos três primeiros dias.

Mapa Turístico da Ilha de Fernando de Noronha – Foto: Ricardo Quaranta

(SS) – Além das ondas, o que o turista pode curtir diuturnamente em Fernando de Noronha?

RQ – Pelo dia o turista que nunca foi a Noronha, se acompanhado, deve fazer o Ilha Tour, que passa em todos os picos de Noronha, com ou sem onda, como a Praia do Sancho, considerada pelo site Trip Advisor a mais bonita do mundo por dois anos, a baia dos golfinhos, a baía dos Tubarões, um berçário onde você vê os tubarões em águas sempre cristalinas. Na Praia do Sueste você faz mergulho de flutuação em meio a tartarugas, lagostas, peixes, tubarões (limão), fauna marinha linda. Pelo dia também o turista deve fazer o Passeio de Barco ao redor da Ilha. À noite, temos a Praça dos Flamboians, com várias opções de gastronomia, com preços de vários níveis, de popular ao sofisticado. Nas quintas há um reggae na Conceição, e forró na Praia do Cachorro.

(SS) – Entre os surfistas locais da Ilha, quem mais lhe surpreendeu no free surf? Comente a melhor a onda?

RQ – Dos locais se destacou o Patrick Tamberg, surfista goofy, que duas semanas antes da trip participou do QS de Noronha, correndo bateria com o bicampeão mundial  Gabriel Medina, passando em segundo em seu hit, representando bem os locais da ilha. Presenciei um bom tubo dele  na Cacimba, saindo, e mandando um aéreo reverse, na sequência.

O sergipano Ricardo Quaranta manobrando forte de front side – Foto: Marcelo Freire Noronha

(SS) – Cite as melhores dicas para os surfistas sergipanos viajarem para Fernando de Noronha?

RQ – Dicas: *Pagar TPA (taxa de preservação ambiental) antecipadamente, evitando fila no pequeno aeroporto de Fernando de Noronha; *Informar-se com locais sobre número de quentinhas que são fornecidas em qualquer lugar que você estiver na ilha, ao preço de R$ 25,00, comem duas pessoas; *Se a pousada que contratar não tiver café da manhã, mas tiver cozinha, é bom levar raízes como inhame, batata doce, banana da terra para garantir boa refeição pela manhã, e também à noite; *Proteger-se do sol, camisa UV, bonés; *Repelentes; *Usar chip da TIM, que pega bem o sinal 4G; *Caso perca algum pertence, ou esqueça em algum lugar, procurar o responsável pela pousada, que ele indicará um serviço de achados e perdidos da Ilha, que funciona mesmo, devolvem até aliança de ouro, óculos, câmeras, etc., incrível.

O sergipano Ricardo Quaranta manobrando forte de front side – Foto: Marcelo Freire Noronha

(SS) – O que a trip e o surf representaram para sua vida?

RQ – A melhor surf trip que já fiz em todos os anos de surf, local lindo, segundo o competidor Championship Tour da WSL, Jadson André, “as ondas que mais se aproximam das do Havaí”. Vale cada real investido.

(SS) – Deixe uma mensagem para o leitor do Sombreiro Surf.

RQ – A mensagem que deixo para o leitor do Sombreiro Surf é que não deixe de conhecer e surfar em Fernando de Noronha. Programe-se, economize, junte uma grana, e acima de tudo conecte-se com o Deus, criador de tudo, e ele o guiará. Uma das maiores falhas do ser humano é querer colher aquilo que não plantou. Fica a dica…

Pura vibe de Ricardo Quaranta na Praia da Conceição – Foto: Arquivo Pessoal

Aracaju (SE), 20 de julho de 2019.

Foto Destacada: Marcelo Freire Noronha

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