Owen Wright impede o tri de Medina no Tahiti Pro Teahupoo
O fenômeno Gabriel Medina chegou a sua quinta final nos últimos seis anos do Tahiti Pro apresentado pela Hurley, mas o australiano Owen Wright pegou os melhores tubos dessa vez para vingar a derrota sofrida na decisão do ano passado para o bicampeão mundial. Ele impediu o tricampeonato do brasileiro, que poderia assumir a liderança do ranking com a vitória, mas é Filipe Toledo quem vai vestir a lycra amarela do Jeep Leaderboard na próxima etapa, o Freshwater Pro na piscina do Surf Ranch, de 19 a 22 de setembro na Califórnia. Medina pulou da sétima para a quarta posição e Owen Wright, que começou o dia tirando uma nota 10 contra Jadson André, subiu do 12.o para o oitavo lugar com sua primeira vitória no maior desafio do World Surf League Championship Tour.
“O Owen (Wright) realmente merecia isso”, disse Gabriel Medina, sobre seu companheiro na equipe Rip Curl. “Ele já começou o dia com um tubo nota 10 e, quando alguém começa assim, acho que você sente que vem coisa boa a caminho. Estou feliz por ele e feliz por ter feito outra final com ele aqui. No ano passado eu venci, hoje ele me pegou, mas eu adoro competir com ele, é um dos melhores, então foi bom ficar em segundo lugar com o Owen”.
Com a vitória no Corona J-Bay Open da África do Sul e o vice-campeonato no Tahiti Pro, Gabriel Medina entrou de vez na briga pelo tricampeonato mundial. Das quatro etapas que restam para completar o World Surf League Championship Tour 2019, ele vai defender o título em duas, a próxima na piscina de ondas do Surf Ranch e no Billabong Pipe Masters, que fecha a temporada nos dias 08 a 20 de dezembro em Pipeline, no Havaí.
“Eu tenho que aproveitar o momento”, disse Gabriel Medina. “É difícil manter esse ritmo, mas agora sinto que estou na briga. A vitória em J-Bay foi muito boa e acho que esse resultado aqui também foi importante pra me ajudar no final. Agora já estou pensando na piscina de ondas e não vejo a hora de competir lá de novo, mas quero agradecer a Deus pela oportunidade de fazer outra final com o meu grande amigo. Este campeonato foi fantástico, inacreditável”.
O swell que atingiu seu ápice na terça-feira, ainda deixou bons tubos de 6-8 pés para fechar o Tahiti Pro na quarta-feira, porém com grandes intervalos entre as séries, fazendo com que a maioria das baterias fosse disputada com poucas ondas. A melhor hora do mar foi na primeira bateria do dia, quando Owen Wright conseguiu igualar a nota 10 de Gabriel Medina na terça-feira, num tubaço incrível contra Jadson André. O potiguar tinha acabado de surfar um tubão nota 9,00, mas o australiano já estava na frente com 9,07 e 8,87 em duas ondas seguidas.
Owen depois passou pelo sul-africano Jordy Smith, que tinha vencido o campeão mundial Adriano de Souza no segundo confronto do dia. Mineirinho escolheu esperar pelas bombas de oeste que não apareceram na bateria e só surfou um tubo. Smith tiraria a liderança do ranking de Filipe Toledo se passasse para a final, mas o australiano impediu isso e garantiu a volta do Brasil ao topo da corrida pelo título mundial. Após essa bateria, Owen Wright confessou que queria enfrentar Gabriel Medina para vingar a derrota do ano passado.
“Eu disse realmente que queria o Gabriel (Medina) na final, para que tivesse essa revanche daquela final tão especial do ano passado”, confirmou Owen Wright, após a vitória.
Mas, foi Medina que começou o dia vingando derrota nos tubos de Teahupoo, passando fácil por Jeremy Flores que o derrotou na final de 2015, quando também tentava um bicampeonato consecutivo no Taiti. O francês só pegou uma onda na bateria fraca de ondas. Medina também não teve muitas chances em outro confronto de poucas ondas, porém fez o suficiente para despachar o jovem havaiano Seth Moniz, que tinha vencido um duelo eletrizante com bons tubos contra o paulista Caio Ibelli no encerramento das quartas de final.
DECISÃO DO TÍTULO – A decisão do título começou meio lenta, sem ondas, como na maioria das baterias no último dia, com o rápido declínio do swell. Os dois finalistas foram os únicos que conseguiram surfar um tubo nota 10 em Teahupoo esse ano, primeiro o Gabriel no dia das grandes ondas e Owen no primeiro confronto da quarta-feira, contra Jadson André. Medina largou na frente surfando as primeiras ondas da final. O primeiro tubo não rodou e no segundo ficou entocado lá dentro e saiu depois da baforada, mas era pequeno e a nota foi 4,83.
O australiano só tenta surfar sua primeira após 15 minutos do início da bateria, porém ficou dentro do tubo. A prioridade de surfar a próxima ficou para Medina, mas Owen pegou uma que ele deixou passar e ela rodou um belo tubo para tirar 6,17 e assumir a liderança. Só que Medina escolheu bem e pegou a maior onda da primeira metade da bateria, passou por dentro e saiu em pé. Os juízes deram nota 7,83 e Owen passou a precisar de 6,50 pontos.
O tempo ia passando e chegou aos 15 minutos finais sem aquelas bombas de oeste de Teahupoo, que formam os tubos maiores. Mas, Medina pegou um mais longo com sua maestria peculiar e ganhou 7,10 para abrir 8,76 pontos para Owen Wright, que logo pega um tubão também para se manter na briga do título com o 7,73 recebido, diminuindo a vantagem para 7,21 nos 10 minutos finais. Medina voltou a ficar com a prioridade e foi aí que Owen Wright construiu sua vitória, nas ondas que ele deixava passar.
O australiano pega uma há 5 minutos do fim, rodou um tubaço e ele saiu na baforada para ganhar 9,17 e virar o placar para 16,90 a 14,93, com Medina passando a precisar de 9,08 pra vencer. No ano passado, foi assim também e Gabriel conseguiu a vitória no último minuto. No entanto, o australiano ainda surfa outro tubo nota 7,90 para festejar seu primeiro título na etapa mais desafiadora do mundo, por 17,07 a 14,93 pontos.
“Eu não poderia estar mais feliz do que agora”, disse Owen Wright. “O Gabe (Medina) sempre luta bastante e eu não tinha a prioridade, então fui pegando as ondas e tentava ficar o mais profundo possível nos tubos, o que consegui, felizmente. Eu chorei lá dentro quando acabou, pois venho trabalhando muito duro e estou feliz por voltar a vencer. As ondas estavam perfeitas e compartilhar isso com um grande companheiro foi realmente especial. Quando você começa um dia com nota 10 na primeira bateria, as coisas parecem que vêm a seu favor. Não venço uma etapa desde Snapper Rocks (em 2017), faz muito tempo, e tentei vencer esse evento várias vezes, então é incrível finalmente conseguir isso hoje”.
BRIGA PELA LIDERANÇA – Com a vitória no Tahiti Pro apresentado pela Hurley, Owen Wright subiu da 12.a para a oitava posição no ranking e reuniu chances matemáticas de brigar pela liderança na etapa da piscina de ondas do Surf Ranch, onde Medina foi o campeão no ano passado, com Filipe Toledo em segundo lugar. Só que as possibilidades são bem remotas para o australiano, pois já precisa da vitória e torcer pelo tropeço dos que estão à sua frente.
A disputa pela ponta agora ficou ainda mais acirrada, principalmente entre os quatro primeiros colocados. Para ultrapassar os 36.600 pontos do novo líder, Filipe Toledo, o vice Jordy Smith, o terceiro colocado Kolohe Andino e o quarto, Gabriel Medina, precisam de um nono lugar no Freshwater Pro, desde que Filipe seja o último colocado, o que é bastante improvável de acontecer. Já o potiguar Italo Ferreira, que caiu da quarta para a sexta posição, tem que chegar nas semifinais, assim como o japonês Kanoa Igarashi em sétimo lugar.
PRÓXIMAS ETAPAS – Depois do Freshwater Pro em setembro no Surf Ranch, restarão apenas mais três etapas do World Surf League Championship Tour para definir o campeão mundial de 2019. As próximas serão o Quiksilver Pro France, de 03 a 13 de outubro em Hossegor, seguido pelo Meo Rip Curl Pro Portugal nos dias 16 a 28 do mesmo mês em Peniche, última parada antes do Billabong Pipe Masters fechar a temporada nos dias 08 a 20 de dezembro no Havaí, onde Gabriel Medina festejou o bicampeonato mundial com vitória nos tubos de Pipeline.
Mais informações, notícias, fotos, vídeos e todos os resultados do Tahiti Pro apresentado pela Hurley podem ser acessados na página do evento no www.worldsurfleague.com ou no aplicativo da World Surf League. Este evento foi disputado com as cores das lycras de competição diferentes das outras etapas, pela parceria do WSL Pure com a campanha Glowing Glowing Gone, com cores cítricas lembrando as dos corais fluorescentes que alertam sobre a degradação e a necessidade de preservação dos corais em todo o mundo.
Aracaju (SE), 30 de agosto de 2019.
Fonte: João Carvalho – WSL Latin America