Gabriel Medina é bicampeão com Filipe Toledo em segundo de novo no Surf Ranch
O bicampeão mundial Gabriel Medina foi imbatível mais uma vez nas ondas perfeitas da piscina criada por Kelly Slater no interior da Califórnia e com Filipe Toledo sendo o segundo melhor surfista de novo no Surf Ranch. Medina confirmou o bicampeonato no Freshwater Pro apresentado por Outerknown, nas primeiras ondas que surfou na rodada final. Começou com a maior nota do evento na esquerda, 9,93, que somou com 8,93 na direita para totalizar 18,86 pontos. Filipe tinha feito 17,33 com 9,63 na direita que lhe garantiu o segundo lugar, mas passa a lycra amarela do Jeep Leaderboard para Medina, porque a vitória valia a liderança no ranking do World Surf League Championship Tour.
“Foram três dias longos e é incrível conseguir a vitória contra esses caras. Eles são os melhores do mundo”, disse Gabriel Medina. “Essas duas primeiras ondas da final foram muito boas e e é incrível derrotar surfistas como o Filipe (Toledo), o Julian (Wilson), o Owen (Wright), o (Griffin) Colapinto, todos eles surfam muito também. Estou feliz pela vitória e espero manter esta sequência de bons resultados até o fim. Fiquei muito contente com meu desempenho aqui e esses pontos são realmente importantes no ranking”.
O sábado decisivo do Freshwater Pro começou com os doze melhores da primeira fase, tendo a última chance de aumentar suas notas, para ficar no grupo dos oito que disputariam o título na rodada final, todos começando do zero. Medina já liderava a classificação e era o último a entrar, mas ninguém conseguiu superar seus 17,77 pontos, então se resguardou para a decisão. Os oito finalistas teriam duas chances de surfar e os quatro melhores ganhariam uma terceira onda para tentar a vitória.
O australiano Owen Wright, que impediu o tricampeonato de Medina no Tahiti, acertou tudo, abrindo grandes leques de água com a força nas manobras, passando por dentro dos tubos, para largar na frente com 17,33 pontos das notas 8,70 na esquerda e 8,63 na direita. O vice-líder do ranking, Jordy Smith, foi mal na esquerda e na direita tirou 8,90, ficando em último entre os oito finalistas, pois foi pior ainda na segunda entrada. Então, só Medina poderia tirar a lycra amarela do líder Filipe com a vitória no Freshwater Pro.
DECISÃO DO TÍTULO – Filipe fez sua melhor apresentação para se manter na frente, tirando suas maiores notas desde o primeiro dia. Começou com uma série incrível de doze manobras de backside, entrou de layback no tubo com estilo e errou o aéreo, mas valeu 7,70 que ainda não tinha conseguido na esquerda. Na direita, pegou um tubaço muito profundo, saiu destruindo a onda com sete manobras modernas e progressivas, até sumir dentro de outro tubo e na saída voar no “alley-oop” perfeito para ganhar 9,63. Com essa nota, igualou os 17,33 pontos do Owen Wright, mas ficou em segundo no desempate pela maior nota.
Medina foi o último a entrar e tinha que impressionar, então fez isso já na sessão de manobras da esquerda, com um incansável ataque de onze batidas, rasgadas, lay-backs, até voar num aéreo, aterrissar, ignorar o tubo para acelerar e completar um “kerrupt flip” incrível, muito alto, emendando um longo roundhouse cutback e ainda bate na espuma pra fechar a onda. Três juízes deram o primeiro 10 do campeonato, mas dois não e a média ficou em 9,93, a maior do Freshwater Pro. Na direita, mandou uma série de pancadas retas de backside, encaixou num belo tubo e saiu batendo forte oito vezes sem parar, até se entocar num tubo bem mais longo e profundo, ganhando 8,93 para totalizar imbatíveis 18,86 pontos.
QUATRO MELHORES – Todos os finalistas tiveram outra chance de aumentar suas notas para ficar entre os quatro melhores, que entrariam na piscina mais uma vez. O catarinense Yago Dora foi o primeiro e melhorou bem sua esquerda para 7,10. Na direita, pegou o tubo mais profundo do evento, cerca de 7 segundos entocado lá dentro, saiu manobrando forte até o fim pra receber sua maior nota no Surf Ranch, mas o 8,10 foi insuficiente para chegar entre os 4 melhores. Yago terminou em sexto na classificação geral, dividindo o quinto lugar no campeonato com Julian Wilson, Adrian Buchan e Jordy Smith, último entre os oito.
O único que aproveitou bem a segunda chance foi o americano Griffin Colapinto, que tirou Julian Wilson da lista dos quatro melhores com as notas 8,17 e 8,27 que recebeu. Já Owen Wright e Filipe Toledo não trocaram suas notas e permaneceram empatados com 17,33 pontos. Filipe falhou na esquerda, mas destruiu a direita que valeu nota 9,00, só que já tinha 9,63. Ele saiu exausto da piscina e sentindo as dores nas costas que vinha tratando. Medina entrou depois e novamente nem se esforçou, já que seguia na frente de todos.
ÚLTIMA CHANCE – Os quatro melhores tinham uma última chance de superar os 18,86 pontos do Medina. O primeiro a tentar foi Griffin Colapinto, que caiu nas suas duas ondas. Owen Wright foi o segundo e também fracassou, sem aumentar notas. Filipe entrou na piscina caminhando lentamente, parecendo estar com as costas meio travada. Ele precisava trocar o 7,70 da esquerda e só foi chegar a onda para ele sair manobrando forte, voar num aéreo e seguir variando seu ataque a cada movimento, aí faz um “varial” trocando de base e pega o tubo de base trocada, como um goofy, porém fica lá dentro e não muda nada.
“Foram momentos realmente incríveis, nervosos, mas motivantes ao mesmo tempo”, disse Filipe Toledo. “Eu fiz essas últimas ondas para a torcida que lotou aqui hoje, me mandando energia. Quero agradecer a equipe médica da WSL por fazer tudo para aliviar minhas dores e estou feliz pelo Gabriel (Medina), que fez uma performance incrível, assim como pela Lakey (Peterson) e a Johanne (Defay). Agora vou relaxar um pouco, para depois ir pra França. Espero estar bem para competir nestes três últimos campeonatos e, talvez, ganhar o título”.
Gabriel Medina foi consagrado como bicampeão do Freshwater Pro, sem nem precisar surfar suas últimas ondas. Foi seu terceiro pódio consecutivo, para assumir a ponta do ranking. Ele entrou na briga com a vitória histórica de um goofy-footer nas direitas de Jeffreys Bay, que não acontecia há mais de 20 anos. Depois, quase consegue o tricampeonato na temida bancada de Teahupoo, perdendo a final para Owen Wright. Agora, é bicampeão no Surf Ranch e ganha força para buscar o tri mundial na reta final da temporada. Em outubro, tem as duas últimas etapas antes da grande final no Havaí, na França e em Portugal.
BRASIL NA PONTA – A disputa do título agora ficou mais concentrada nos brasileiros que provaram serem os surfistas mais completos do mundo, dominando novamente a etapa que exige o máximo dos atletas. por ter que mostrar ser bom surfando de frontside e de backside em condições iguais. Medina tirou a liderança do ranking do Filipe, mas a diferença é pequena, 44.695 a 44.400 pontos. A briga pela ponta será fase a fase no Quiksilver Pro France, de 03 a 13 de outubro em Hossegor. Para ultrapassar os brasileiros, o sul-africano Jordy Smith tem que chegar nas quartas de final, enquanto Kolohe Andino só consegue com a vitória na França.
O potiguar Italo Ferreira é o quinto colocado e está fora da disputa pela liderança nesta etapa, pois o máximo que consegue são 44.600 pontos. Ele venceu a de Portugal no ano passado. Depois, os próximos brasileiros são o estreante na elite, Deivid Siilva, em 15.o lugar, Willian Cardoso em 19.o, Caio Ibelli em 21.o e Yago Dora em 22.o, fechando o grupo dos 22 que são mantidos no CT para o ano que vem. Yago é o último nessa lista, mas está garantindo sua permanência entre os dez indicados pelo WSL Qualifying Series.
Os outros cinco dos onze titulares da “seleção brasileira”, estão fora da zona de classificação no momento. O cearense Michael Rodrigues foi mal no Surf Ranch e caiu do vigésimo para o 25.o lugar. O paranaense Peterson Crisanto também e foi outro que saiu do G-22, de 21.o para 27.o. Ainda tem o paulista Jessé Mendes em 29.o, o potiguar Jadson André em trigésimo, mas liderando o QS com sua vaga já confirmada para o CT 2020, além do capitão do time, Adriano de Souza, que voltou a se contundir depois da grande atuação nos tubos de Teahupoo e ocupa a 33.a posição, depois da oitava das onze etapas da temporada.
CAMPEÃ COM AÉREO – Diferente da categoria masculina, com Gabriel Medina sendo o surfista mais completo desde as classificatórias, a norte-americana Lakey Peterson só conseguiu o título na última chance para superar os 17,60 pontos da francesa Johanne Defay. Ela aumentou a nota da esquerda de 6,93 para 8,70 e precisava de 8,91 na direita para vencer. Lakey manobrou forte, surfou bem os dois tubos e deixou o melhor pro final, surpreendendo com um aéreo reverse na saída do tubo. Os juízes deram nota 9,33 e Johanne teria que aumentar as suas. Na esquerda, para 9,04, mas não saiu do tubo. Teria que fazer 9,44 na direita, não conseguiu e Lakey Peterson foi a campeã por 18,03 a 17,60 pontos.
“Eu simplesmente não acredito, sinto que Deus estava comigo naquele momento e dei tudo o que eu tinha”, disse Lakey Peterson. “Tudo se juntou hoje e foi super especial, muito empolgante. Este ano está incrível, com tantas emoções diferentes. Obviamente, foi ótimo vencer aqui na busca do título mundial e ainda tem a disputa com a Carissa (Moore) e a Caroline (Marks) pela vaga nas Olimpíadas, enfim, muita coisa acontecendo e estou muito agradecida por ter conseguido vencer aqui”.
NA ÚLTIMA CHANCE – A campeã se classificou para a final na última das quatro vagas definidas na manhã do sábado. Foi também na última chance que superou Courtney Conlogue, para seguir na busca da vitória. Com os 10.000 pontos do Freshwater Pro, Lakey Peterson subiu da quarta para a segunda posição no ranking, que continua liderado por Carissa Moore. A havaiana se destacou no último dia com os 18,26 pontos das notas 8,83 e 9,43 que tirou na rodada decisiva pelas vagas para a final.
Os pontos das classificatórias não valiam mais e as quatro melhores teriam que começar do zero de novo. O máximo que a defensora do título no Surf Ranch, Carissa Moore, conseguiu foram 15,43 pontos e terminou em terceiro lugar, acima da californiana Caroline Marks com 13,94. A francesa Johanne Defay foi a melhor, somando nota 9,00 da sua primeira direita com 8,60 da sua segunda esquerda.
Lakey Peterson foi melhorando a cada entrada. Trocou as primeiras notas por 6,93 e 8,80 para garantir o segundo lugar na classificação da final, ganhando mais uma chance de surfar. Aí mostrou estar com ótimo preparo físico para se superar de novo, aumentando a da esquerda para 8,70 e a da direita para 9,33 com o aéreo reverse. A vitória por 18,03 a 17,60 pontos foi a segunda de Lakey Peterson no World Surf League Championship Tour 2019. A outra tinha sido em Margaret River, na final contra a brasileira Tatiana Weston-Webb.
A gaúcha foi a primeira a surfar no sábado, mas não aproveitou a última tentativa de entrar na lista das quatro melhores que iriam decidir o título. Tatiana caiu na esquerda e na direita até aumentou sua nota 7,33, porém ficou em oitavo lugar na classificação geral com 15,10 pontos. Ela dividiu o quinto lugar no Freshwater Pro com a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore, Courtney Conlogue e Sally Fitzgiboons, que perdeu a vice-liderança do ranking para Lakey Peterson. Tatiana Weston-Webb segue em oitavo e a cearense Silvana Lima em 13.o lugar.
1 ANO DE IGUALDADE – O Freshwater Pro apresentado pela Outerknown marca 1 ano da igualdade na premiação para homens e mulheres nos eventos organizados pela World Surf League. A campeã Lakey Peterson ganhou os mesmos 100.000 dólares oferecidos para Gabriel Medina, assim como a francesa Johanne Defay recebeu os mesmos 55.000 dólares do Filipe Toledo. As meninas, certamente, agradecem a iniciativa pioneira da WSL para muitos esportes.
Depois da etapa nas ondas perfeitas da máquina idealizada por Kelly Slater no interior da Califórnia, a disputa do título mundial parte para as duas provas da perna europeia na França e em Portugal, última parada antes da grande final em Pipeline, no Havaí. Gabriel Medina volta a vestir a lycra amarela do Jeep Leaderboard no Quiksilver Pro France, nos dias 3 a 13 de outubro em Hossegor. Na semana seguinte, tem o MEO Rip Curl Pro Portugal nos dias 16 a 28 em Peniche, antes de Medina defender sua coroa de Pipe Masters de 8 a 20 de dezembro.
TÍTULO MUNDIAL – Nas duas etapas da perna europeia, as meninas competirão juntas, pela primeira vez nas ondas de Supertubos, em Peniche, Portugal. A havaiana Carissa Moore segue com a lycra amarela do Jeep Leaderboard na França, liderando o ranking com 47.260 pontos e Lakey Peterson chegou a 43.850 com a vitória no Surf Ranch. Para superar a havaiana, já precisa chegar nas quartas de final em Hossegor. As australianas Sally Fitzgibbons e Stephanie Gilmore são as outras concorrentes e só conseguem se chegarem na grande final.
Mais informações, notícias, fotos, vídeos e todos os resultados do Freshwater Pro apresentado pela Outerknown, podem ser acessados na página do evento no www.worldsurfleague.com
Aracaju (SE), 22 de setembro de 2019.
Fonte: WSL Latin America