NotíciasSurf Girl

WSL, Brasil e Sergipe: equiparação da premiação para homens e mulheres no surf

Há pouco mais de um ano, a primeira liga mundial esportiva nos EUA, a WSL – World Surf League anunciou a equiparação da premiação para competidores masculinos e femininos nos eventos organizados pela Liga. A simples atitude trouxe respeito e valorização pelas competidoras femininas, e serviu de exemplo de conduta para outras entidades mundiais esportivas.

O simbolismo do ato da WSL em equiparar valores de premiação atendeu a necessidade do anseio da sociedade contemporânea: política de igualdade e respeito às mulheres são as palavras de ordens num universo ainda machista.

Surfistas Championshiptour no Surf Ranch em setembro de 2018, após o anúncio da isonomia entre homens e mulheres (WSL / KELLY CESTARI)

Nesta temporada da World Surf League, as competidoras não estão apenas recebendo premiação igual, a entidade pratica o planejamento desenvolvido para 2019: aumentou o investimento em campanhas de marketing para promover globalmente o surf feminino nos seus canais comunicativos; geração de conteúdos específicos relatando a história das campeãs mundiais de surf para incentivar a prática esportiva; ampliação considerável no fluxo de informações nos meios digitais; programa Mares Crescentes, exclusivo para meninas, focado em unir surfistas de todas as idades para trocar experiências e ampliar a visibilidade esportiva.

Valores praticados no CT – Championship Tour 2019 da WSL:

1º lugar: 10000 pontos = $ 100.000

2º lugar: 8000 pontos = $ 50.000

3º lugar: 6500 pontos = $ 25.000

5º lugar: 5200 pontos = $ 16.500

9ª lugar: 4000 pontos = $ 13.750

13º lugar: 1750 pontos = $ 11.500

25º lugar: 500 pontos = $ 10.000

Lucro das três primeiras atletas da categoria Feminino no CT 2019 até a 7ª etapa:

1ª Carissa Moore (HWA) – $ 276.000

2ª Lakey Peterson (EUA) – $ 230.200

3º Sally Fitzgibbons (AUS) – $247.000

Carissa Moore, atual líder do CT Feminino – Foto: WSL

Lucro dos três primeiros atletas da categoria Masculino no CT 2019 até a 8ª etapa:

1º Gabriel Medina (BRA) – $ 330.000

2º Filipe Toledo (BRA) – $ 296.700

3º Jordy Smith (ZAF) – $ 205.600

Brasil segue o posicionamento da Liga Mundial de Surf

Tramitou e foi aprovado no Senado da República e, tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei do Senado (PLS), da senadora Rose Freitas (PODE-ES), que proíbe a distinção de valores dos prêmios pagos a atletas homens e mulheres se efetuados com o dinheiro público ou quando for pago por entidades que se beneficiem desses recursos.

Senadora Rose Freitas (PODE-ES) – Foto: Senado Federal

Caso o PSL seja aprovado na Câmara dos Deputados e de forma subsequente, seja sancionado pelo Presidente da República, confederações, federações, associações e entidades do terceiro setor terão que igualar a premiação entre os competidores femininos e masculinos em todas as modalidades esportivas.

Conquistas do surf feminino brasileiro em 2019

Jogos Pan-Americanos de Lima

Ouro – Chloé Calmon, no Longboard

Ouro – Lena Ribeiro, no SUP Race

Bronze – Nicole Pacelli, no Stand-UP Paddle (SUP) Wave

Chloé Calmom é Ouro no Longboard no Pan-Americano de Lima 2019 – Foto: Alexandre Loureiro/COB

ISA World Surfing Games

Prata – Silvana Lima, na categoria Feminino

Ranking Feminino do CT da WSL após sete etapas

8ª – Tatiana Weston-Webb / 29.865 pontos / $ 151.300 em premiação financeira

13ª – Silvana Lima / 19.410 pontos / $ 78.300 em premiação financeira

Ranking Feminino QS – Qualifying Series da WSL após cinco etapas

4ª – Tatiana Weston-Webb / 18.400 pontos / $ 21.350 em premiação financeira

Silvana Lima, medalha de Prata no ISA Jogos Mundiais de Surf 2019 no Japão – Foto: CBSurf

Ranking Feminino Big Wave Tour da WSL após uma etapa

2ª – André Moller / 10.083 pontos / $ 12.000 em premiação financeira

Ranking Feminino Longboard Tour da WSL após duas etapas

1ª – Chloé Calmon / 12.000 pontos / $ 12.500 em premiação financeira

19ª – Atalanta Nascimento / 2.600 pontos / $ 1.750 em premiação financeira

Ranking Feminino QS  South America da WSL após duas etapas

4ª – Taina Hinckel / 840 pontos

7ª – Júlia Duarte / 480 pontos

Ranking Feminino Longboard South America da WSL após uma etapa

1ª – Chloé Calmon / 1.000 pontos / $ 1.200 em premiação financeira

3ª – Evelin Neves / 560 pontos / $ 300 em premiação financeira

3ª – Jasmim Avelino / 560 pontos / $ 300 em premiação financeira

5ª – Atalanta Nascimento / 420 pontos / $ 200 em premiação financeira

Ranking Feminino Junior South America da WSL após cinco etapas

1ª – Taina Hinckel / 3.650 pontos / $ 3.450 em premiação financeira

2ª – Júlia Duarte / 2.760 pontos / $ 1.400 em premiação financeira

4ª – Isabela Saldanha / 2.630 pontos / $ 1.650 em premiação financeira

O surf feminino em Sergipe

No menor estado da confederação nada impede que os organizadores de eventos esportivos, igualarem a premiação dos campeonatos locais antes do término da tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei do Senado (PLS), da senadora Rose Freitas (PODE-ES).  O crescimento do surf feminino sergipano é perceptível no mercado, exemplo é o aumento do número de praticantes nas praias da capital. As mulheres movimentam economicamente toda a cadeia da indústria surf, e, também, outros segmentos em ascensão na combalida economia sergipana, como saúde e beleza.

Na grande maioria das competições locais realizadas neste ano, organizadores de eventos colocaram em destaque a categoria Feminino nas peças publicitárias, já no pódio, ao entregar a premiação às finalistas, ficou evidente a falta de isonomia entre todos os competidores.

Nada diferencia a dedicação esportiva entre homens e mulheres. Os treinos dentro e fora do mar são iguais para os dois gêneros, cada um com sua carga e intensidade. Não é válido e nem justo cobrar financeiramente a inscrição mais barata da categoria Feminino e entregar menos valor na premiação, menos igualdade, menos respeito pelos esforços diários das finalistas.

O surf não é apenas esporte recreativo amador no atual cenário brasileiro. Somos o país do surf. O esporte é mais vitorioso entre todos os esportes brasileiros na atualidade. Nos últimos cinco anos, o Brasil foi três vezes campeão mundial. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, a equipe brasileira de surf terá grandes chances de medalhas, fato! A profissionalização faz parte do sonho de milhares de meninas do Brasil, nada é diferente em Sergipe.

Rentabilizar economicamente a categoria Feminino com valores equiparados é investir no futuro do esporte, é abrir as portas para as melhores competidoras sergipanas brigarem por títulos dentro e fora do estado.

Aracaju (SE), 02 de outubro de 2019

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *