Italo Ferreira é vice-campeão do Quiksilver Pro France
O potiguar Italo Ferreira foi o Brasil na decisão do título do Quiksilver Pro France, mas Jeremy Flores surfou um tubaço nota 9,67 em La Graviere logo na primeira onda e festejou junto com a torcida, a primeira vitória de um francês na história da etapa francesa do World Surf League Championship Tour. Com o título, Jeremy subiu do 14.o para o nono lugar no ranking e passou a ser o último com chances matemáticas de brigar pelo título mundial da temporada, que segue com Gabriel Medina e Filipe Toledo na frente. Italo ganhou a quarta posição e continua na disputa direta do título e pela vaga nas Olimpíadas de Tokyo 2020 no Japão com os líderes. No feminino, Carissa Moore venceu pela terceira vez na França e pode confirmar seu quarto título mundial já no MEO Rip Curl Pro Portugal, que começa nesta quarta-feira em Peniche.
Italo Ferreira venceu a etapa portuguesa no ano passado e agora volta a brigar pela liderança do ranking, com o vice-campeonato em sua primeira final no Quiksilver Pro France. O último dia do evento rolou em condições desafiadoras em dois picos de Hossegor. O bicampeão mundial Gabriel Medina, perdeu em La Nord, no mar difícil de achar boas ondas, por 10,00 a 9,50 pontos para o australiano Adrian Buchan. Medina segue vestindo a lycra amarela do Jeep Leaderboard no MEO Rip Curl Pro e buscando o tricampeonato mundial. Em Portugal, seu principal concorrente continua sendo Filipe Toledo, mas Jordy Smith, Kolohe Andino e agora, Italo Ferreira, também podem lhe tirar o primeiro lugar no ranking em Supertubos.
“Estou muito feliz em fazer a final com o Jeremy (Flores) e parabéns a ele pela vitória”, disse Italo Ferreira. “Foi uma semana bem louca para mim e esse resultado eu dedico ao meu tio, que faleceu há alguns dias. Este foi o meu melhor resultado aqui e estou feliz por ter surfado bem hoje (sexta-feira) nessas condições difíceis. Foi muito bom e certamente estou bem mais animado e confiante para o próximo evento em Portugal”.
O potiguar de Baía Formosa era a última esperança do Brasil seguir na disputa do título no Quiksilver Pro France. Medina já tinha perdido para Adrian Buchan e Yago Dora foi eliminado também sem conseguir achar boas ondas na bateria antes dele, vencida pelo californiano Kolohe Andino por 10,33 a 6,00 pontos. O catarinense cometeu uma interferência no final e só computou uma nota. Já Italo Ferreira começou bem o último dia, acertando as manobras na primeira onda que valeu 6,67. No final, surfou outra boa em La Nord para ganhar 7,17 e vencer o taitiano Michel Bourez por 13,84 a 8,06 pontos.
Nas quartas de final, fez um confronto direto pelo quarto lugar no ranking com Kolohe Andino e novamente confirmou a vitória em sua última onda. Italo tinha iniciado bem como nas oitavas, ganhando nota 7,60 em sua segunda onda, que somou com o 6,33 da última para superar o californiano por 13,93 a 11,36 pontos. Nas semifinais, o campo de batalha mudou das grandes paredes de La Nord formando lá no outside, para o inside de La Graviere, onde estava bombando altos tubos, principalmente nas direitas.
SEMIFINAIS NOS TUBOS – Italo escolheu começar a bateria nas esquerdas. Tentou tubo, aéreos, sem completar nada e, no último voo, caiu sobre a quilha da prancha, machucou o joelho, saiu da água para trocar o equipamento e voltou mancando pro mar, mostrando toda a raça característica dos surfistas nordestinos. A tática do italiano Leonardo Fioravanti foi diferente, escolher melhor as ondas, enquanto Italo ia pegando as que vinham e conseguiu acertar uma manobra forte apenas em duas ondas seguidas, que valeram 4,53 e 4,43.
O italiano entra na briga surfando um belo tubo e atacando a junção de uma direita para receber 6,50 e passar à frente. Italo dá o troco numa esquerda que rendeu um layback forte e uma batida potente na finalização para ganhar 6,17, passando a precisar de 4,57 para a vitória. Ele volta a tentar os tubos, sem sucesso, mas na terceira que entrou, a onda abre mais parede para fazer duas manobras fortes de frontside e receber 5,43. Essa nota lhe garantiu a segunda vaga na grande final do Quiksilver Pro France, por 11,60 a 10,83 pontos.
DECISÃO DO TÍTULO – Na decisão do título, Italo tentou o primeiro tubo, mas não saiu, enquanto Jeremy Flores entrou por trás da cortina numa direita, se entocou bem profundo lá dentro e saiu em pé, vibrando com a torcida que lotou a praia desde cedo na sexta-feira. A nota saiu 9,67 e Italo seguia buscando as esquerdas. Em duas seguidas, só fez uma manobra antes dela fechar. Ele precisava de tubos para fazer frente ao tuberider francês.
Jeremy opta por ficar esperando outra bomba da série, enquanto Italo fica pegando as que ele deixa passar, porém sem potencial para conseguir notas altas. Até que o brasileiro, enfim, acha um tubo nas direitas e consegue se encaixar de grab-rail, passar duas sessões lá dentro e sair do canudo já na areia. Os juízes deram nota 5,50 e ele fica precisando de 5,91 para a vitória. O potiguar procura ficar mais afastado dele no outside e pega uma esquerda para arriscar um “alley oop” muito alto, porém não completa a aterrisagem.
O tempo vai passando e Jeremy segue esperando por uma onda boa, até pegar mais dois tubos seguidos nas direitas quando restavam 10 minutos para o término da bateria. Foram bem mais curtos e menos profundos do que o primeiro, mas um valeu 5,33 para deixar o brasileiro precisando de 9,51 para vencer. A única maneira para Italo conseguir isso era, então, um tubo muito profundo, ou um aéreo espetacular. No entanto, precisava de uma onda com potencial para tanto e ela não apareceu mais para ele, com Jeremy Flores festejando a primeira vitória francesa da história do Quiksilver Pro France, por 15,00 a 8,23 pontos.
“Eu quero agradecer a todos os fãs que lotaram a praia hoje (sexta-feira) e torceram por mim, porque foi emocionante. Parecia um estádio de futebol cada onda que eu surfava”, disse Jeremy Flores. “Dedico essa vitória também ao Pierre Agnes, que sempre me apoiou nos altos e baixos e certamente eu não estaria aqui se não fosse ele. E parabéns a todos os finalistas, especialmente as meninas pelo show incrível que deram aqui hoje. Sinceramente, eu pensei que o dia que eu vencesse esse campeonato, me aposentaria. Mas, acredito que é cedo ainda para isso e certamente voltarei no próximo ano para tentar ganhar de novo”.
TÍTULO MUNDIAL – A vitória no Quiksilver Pro France, era o único resultado possível para Jeremy Flores ter chances de conquistar o título mundial esse ano. São remotas, mas entrou na lista dos nove que, matematicamente, ainda podem ser o campeão da World Surf League em 2019. Os principais candidatos ao título são os brasileiros Gabriel Medina e Filipe Toledo. Medina lidera a corrida pelo tricampeonato com 48.015 pontos, contra 45.730 do Filipe.
A lista dos nove concorrentes prossegue com o sul-africano Jordy Smith em terceiro lugar com 43.515, Italo Ferreira agora em quarto com 42.400, seguido pelo norte-americano Kolohe Andino com 41.250, o japonês Kanoa Igarashi com 35.430, o australiano Owen Wright com 34.780, o havaiano John John Florence ainda com chances com 33.220, mesmo estando contundido sem competir desde o Oi Rio Pro em Saquarema, com a relação sendo encerrada agora pelo francês Jeremy Flores com 31.450, tirando o nono lugar do australiano Julian Wilson, vice-campeão mundial no ano passado e que já está da briga do título de 2019.
LIDERANÇA EM PORTUGAL – Já a disputa pela lycra amarela do Jeep Leaderboard no MEO Rip Curl Pro Portugal, ficou restrita aos top-5 do ranking. Agora, começam os descartes do pior resultado de cada atleta e Medina conseguiu uma vantagem de uma rodada a mais para Filipe Toledo. Na França, essa batalha entre eles era fase a fase, mas em Supertubos, Filipe já precisa chegar nas quartas de final para superar a pontuação atual do líder.
O sul-africano Jordy Smith só consegue isso se chegar nas semifinais, desde que Gabriel Medina não passe da terceira fase em Portugal. Se Medina avançar para as oitavas de final, por exemplo, Filipe já terá que ser semifinalista e o sul-africano vencer o campeonato. Será assim para Italo Ferreira também, com a diferença de que o potiguar já necessita chegar na final para ultrapassar os 48.015 do Medina. E ele já mostrou que pode, pois é o defensor do título do MEO Rip Curl Pro Portugal. Já para Kolohe Andino, só interessa a vitória e Medina perder de último, além de depender dos resultados dos outros três que estão à sua frente.
RAINHA DA FRANÇA – Enquanto entre os homens, nove surfistas ainda estão na disputa do título mundial, entre as mulheres a briga é somente entre as quatro primeiras do ranking, após o Roxy Pro France. A havaiana Carissa Moore deu um show nos tubos de La Graviere na final contra a jovem californiana Caroline Marks e festejou sua terceira vitória em Hossegor, por uma larga vantagem de 17,60 a 7,00 pontos, somando notas 9,00 e 8,60.
“Tem sido um ano muito especial e sinto que estou aprendendo muito, a cada passo”, disse Carissa Moore. “Na verdade, eu nunca surfei muito em La Graviere e não tinha nenhuma expectativa, mas fiquei entusiasmada quando peguei aqueles dois tubos fantásticos na final. Foi um evento especial e agradeço a equipe incrível de pessoas que estão comigo, minha família, amigos, meus patrocinadores e todos os fãs que lotaram a praia esses dias”.
O retrospecto da Carissa na etapa francesa do World Surf League Championship Tour é fenomenal. Ela entrou na elite em 2010, mas o Roxy Pro France estreou no calendário em 2011, com a havaiana já decidindo o título com a tetracampeã mundial na época, Stephanie Gilmore. Neste ano, Carissa Moore acabou com a série invicta do furacão australiano, ganhando o primeiro dos três troféus de campeã mundial que conquistou, sempre revezando com Gilmore. Foi ano sim, ano não, para cada uma, com Carissa vencendo o de 2013, Steph o de 2014 e Carissa o último dela em 2015.
De lá para cá, Carissa chegou nas semifinais do Roxy Pro France em todos os outros nove anos completados agora, sendo bicampeã em 2016 contra a australiana Tyler Wright na final e em 2017 ganhando da mesma Lakey Peterson que derrotou na semifinal na sexta-feira em La Graviere. No ano passado, a havaiana parou em outra norte-americana que venceu a etapa, Courtney Conlogue, que no momento está em quinto no ranking e fora da briga do título.
Outra que também não tem mais chances é a australiana Stephanie Gilmore, que em 2018 igualou o heptacampeonato de Layne Beachley. Ela ficou em último no Roxy Pro France, caiu do quarto para o sexto lugar no ranking e as únicas que ainda estão na briga com Carissa Moore, são Lakey Peterson, Sally Fitzgibbons e Caroline Marks. Mas, a havaiana pode até confirmar o tetracampeonato por antecipação, antes da última etapa no Havaí.
TETRA ANTECIPADO – Essa possibilidade passa a existir se Carissa Moore chegar nas semifinais do MEO Rip Curl Pro Portugal. Aí já atingiria 58.600 pontos no ranking e será a campeã mundial de 2019, se Lakey não tiver chegado nas quartas de final e Sally e Caroline não vencerem o campeonato. Se passar para a final, Carissa alcança 60.315 pontos e Lakey terá que ter chegado nas semifinais para seguir na briga, enquanto Sally e Caroline já passam a precisar de duas vitórias nas duas últimas etapas do ano. Se vencer em Portugal, só não festejará o tetracampeonato se a final for contra Lakey Peterson, pois a californiana ainda teria chance de igualar seus 62.515 pontos com uma vitória na ilha de Maui, Havaí.
Mais informações, notícias, fotos, vídeos e todos os resultados do Quiksilver e do Roxy Pro France, podem ser acessadas nas páginas dos eventos no www.worldsurfleague.com ou no aplicativo da World Surf League.
Aracaju (SE), 11 de outubro de 2019
Fonte: João Carvalho – WSL Latin America Media Manager