Chloé Calmon fica em terceiro lugar no Noosa Longboard Open na Austrália
Duas adolescentes havaianas surpreenderam as favoritas na etapa de abertura do World Surf League Longboard Tour 2020 na Austrália. Com apenas 14 anos de idade, Sophia Culhane barrou a defensora do título do Noosa Longboard Open, Chloé Calmon, nas semifinais. E Kelis Kaleopaa, 15 anos, já tinha deixado a atual campeã mundial, Honolua Blomfield, em quinto lugar e largou na frente na corrida pelo título da temporada. Entre os homens, o veterano bicampeão mundial Joel Tudor, 43 anos, voltou a festejar uma vitória após 15 anos, na final norte-americana com Kevin Skvarna, 22 anos. O melhor sul-americano foi o brasileiro Augusto Olinto, que começa 2020 em sétimo lugar no ranking mundial da World Surf League.
A carioca Chloé Calmon venceu sua primeira bateria na terça-feira de boas ondas, mas com longos intervalos entre as séries na nova Reserva Mundial de Surf de Noosa. Depois, voltou a enfrentar Sophia Culhane na briga pela última vaga na final. As duas tiveram um início parecido, com a havaiana começando com nota 4,33 e a brasileira com 4,00. Quando Chloé assumiu a ponta com uma boa onda que valeu 6,50, Sophia logo deu o troco com 7,50 numa esquerda mais longa, que proporcionou mais manobras no bico do pranchão.
Na onda seguinte, Chloé Calmon precisava de 5,34 pontos para reassumir a liderança e fez o máximo para conseguir isso, no entanto a nota saiu 5,07. A havaiana ainda conseguiu ampliar a vantagem com o 4,93 recebido duas ondas depois. A brasileira ficou então com a prioridade de escolher a próxima, só que não entrou mais nada de ondas boas e Chloé Calmon acabou sendo eliminada em terceiro lugar, por uma pequena diferença de 12,43 a 11,57 pontos.
As havaianas fizeram a festa nas areias pela classificação de Sophia Culhane, que confirmou uma final entre duas surfistas de Waikiki na primeira etapa da temporada 2020. Kelis Kaleopaa já havia confirmado seu nome, na vitória sobre a australiana Emily Lethbridge por 12,27 a 11,80 pontos na primeira semifinal. As duas tinham barrado a atual campeã mundial, Honolua Blomfield, na rodada anterior, deixando a havaiana em quinto lugar na Austrália.
Na grande final, Kelis Kaleopaa pegou as melhores ondas que entraram na bateria, para festejar sua primeira vitória por 12,26 a 8,66 pontos. A primeira líder no ranking 2020 da World Surf League, disputou sua primeira etapa no Circuito Mundial exatamente em Noosa, no ano passado. Já Sophia Culhane estava estreando na principal competição de Longboard e já começa a carreira em segundo lugar na corrida pelo título mundial da temporada.
“Estou tão feliz agora que, realmente, não consigo nem explicar o que estou sentindo e nem o que falar direito de tanta alegria”, disse Kelis Kaleopaa. “A Sophia (Culhane) é uma das minhas melhores amigas, surfamos juntas todos os dias, então isso é um sonho para nós. Eu chorei quando ela chegou às semifinais e fiquei emocionada também quando ela passou pra final. Foi incrível ver toda a equipe do Havaí e de Waikiki aqui na praia nos apoiando. Todas as havaianas surfaram bem. Nós surfamos juntas quase todos os dias e esta semana não foi diferente aqui. Certamente, nos divertimos bastante e estou muito feliz pela vitória”.
A vice-campeã, Sophia Culhane, também era só alegria: “Nem acredito que sou a número 2 do mundo no momento. Não era o que eu esperava e não poderia ter conseguido isso sem o apoio da minha família em Waikiki, que estava torcendo por mim o evento todo. Fazer uma final com a Kelis (Kaleopaa) foi incrível. Ela é uma grande surfista e estou feliz pela vitória dela também. Ela merece muito isso e mal posso esperar para voltar para cá no próximo ano”.
A próxima etapa de 5.000 pontos, como o Noosa Longboard Open na Austrália, prevista no calendário da World Surf League, será só nos dias 05 a 11 de setembro em Nova Iorque, Estados Unidos. Até lá, estão marcadas quatro provas de 1.000 pontos e a primeira delas é o Longboard Pro Espinho, nos dias 28 e 29 de março em Porto, Portugal.
Enquanto Chloé Calmon começa o ano em terceiro lugar no ranking da World Surf League, o também brasileiro Augusto Olinto é o sul-americano mais bem colocado entre os homens. O peruano Lucas Garrido Lecca ficou em último lugar na bateria que abriu a terça-feira decisiva em Noosa. Outro peruano, o bicampeão mundial Piccolo Clemente, também perdeu em último no confronto que fechou essa fase. Augusto Olinto estava junto com ele nessa e surfou bem, ganhando a maior nota (7,00) para passar junto com Joel Tudor.
Os dois voltaram a competir juntos na disputa pelas últimas vagas para as semifinais e o norte-americano logo garantiu a classificação, com as notas 7,50 e 6,67 das duas primeiras ondas que surfou. Augusto Olinto não conseguiu pegar boas ondas para mostrar o potencial que o levou até ali, sendo o recordista do dia no sábado e na segunda-feira. O havaiano Kai Sallas ficou com a segunda vaga e o brasileiro foi eliminado em sétimo lugar na Austrália.
Nas semifinais, o californiano Kevin Skvarna foi o único a conseguir superar os 14,24 pontos de Augusto Olinto no sábado, registrando um novo recorde de 15,33 pontos contra o australiano Declan Wyton. Na disputa seguinte, Joel Tudor confirmou uma final 100% norte-americana no Noosa Longboard Open, batendo o havaiano Kai Sallas por 13,17 a 11,84 pontos.
O veterano campeão mundial de 1998 e 2004 começou bem a bateria que decidiu o título e liderou de ponta a ponta. Kevin Skvarna ainda chegou a ganhar a maior nota, 6,97, mas Joel Tudor foi melhor na soma das duas ondas computadas, somando 6,53 com 6,33 para vencer por 12,86 a 12,77 pontos. Joel Tudor conquistou assim, o seu primeiro troféu de campeão com o logo da World Surf League, pois o último dele foi há mais de 15 anos, ainda nos tempos da ASP (Association of Surfing Professionals).
“Acho que a última vez que ganhei esse evento foi há 20 anos e a maioria dos concorrentes aqui esta semana nem tinha nascido ainda”, disse Joel Tudor. “Minha última vitória em um evento da ASP ainda foi há 16 anos, então estou muito feliz. Eu realmente não planejava competir neste evento, mas recebi um convite para participar e fui fazendo as manobras. Só percebi que poderia ganhar, quando cheguei nas semifinais. Foi legal fazer a final com o Kevin (Skvarna) e a melhor parte da vitória é que meus filhos estão aqui dessa vez. Eles já ouviram as histórias dos meus troféus que tenho em casa, mas agora viram o pai vencer, o que foi muito legal. Suponho que agora vou ter que ir buscar meu terceiro título mundial, que será épico”.
Fonte: João Carvalho – WSL Latin America Media Manager
Aracaju (SE), 27 de fevereiro de 2020