Estudo reforça necessidade de ampliar UTI’s da covid-19 na rede pública em SE para evitar colapso no prazo de oito dias
O número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para atender pacientes com diagnóstico do novo coronavírus na rede pública em Sergipe precisará ser ampliado para evitar o colapso do sistema de saúde no prazo de oito dias. É o que indica a projeção epidemiológica divulgada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), na manhã desta segunda-feira, 8, no âmbito do projeto EpiSergipe.
O estudo sinaliza para a saturação desses leitos quando o estado atingir 12 mil casos da doença. “A previsão é que esta saturação ocorra a partir do dia 14 de junho. Entretanto, com um planejamento de ampliação gradual entre 50 e 60 leitos de UTI prevista até a metade deste mês, a rede pública deverá apresentar uma taxa de ocupação ao final desse período em torno de 65-70%,” explica o coordenador do laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho.
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A análise foi elaborada com base nos boletins epidemiológicos da secretaria estadual de Saúde entre os dias 1º de maio e 4 de junho, considerando o número de casos acumulados da covid-19, a quantidade de leitos disponíveis na rede de saúde, o número de internamentos e a taxa de ocupação em UTI dentro dessa série histórica.
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Neste período, o crescimento médio diário de casos confirmados do novo coronavírus no estado foi de 4%, e a taxa média de internamentos em leitos intensivos de 2,5%.
Até o fechamento da projeção, o estado tinha 200 leitos de UTI exclusivamente para atender casos da doença, sendo 120 na rede pública e 80 na rede privada. A taxa total de ocupação desses leitos era de 68% nos hospitais públicos e 85% nos privados.
Fila de espera no Lacen-SE
O estudo ainda observa a demanda reprimida no processamento de exames para o diagnóstico da covid-19 no Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe. Isso porque existe um represamento de cerca de 5 mil exames no Lacen-SE, provocando uma redução diária de cerca de 50% na emissão dos laudos. Sendo assim, levando em conta que historicamente 32% das amostras analisadas pelo laboratório apresentam resultado positivo, Sergipe pode ter, pelo menos, mais 1.600 casos a serem notificados.
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“Considerando também uma taxa de internamento médio em UTI de 2.5%, a previsão é de que pelo menos 25 pacientes com covid-19 que ainda estão à espera dos resultados dos exames necessitem de tratamento intensivo e sejam assim contabilizados nas taxas de ocupação de leitos no estado. Para uma demanda reprimida em torno de 7 dias, seriam cerca de 3-4 pacientes por dia a mais entrando no sistema de saúde necessitando de um leito de UTI. A proporção de internamentos intensivos tem sido de 55% na rede pública e 45% na rede privada,” aponta o estudo.
Os pesquisadores complementam que “os dados reforçam a necessidade de se manter as medidas de distanciamento social ampliado e o uso obrigatório de máscaras e de outros equipamentos de proteção, bem como de melhorar a capacidade de fiscalização do poder público no sentido de evitar aglomerações urbanas, até que a taxa de crescimento real e atual da epidemia em Sergipe seja conhecida e o sistema de saúde tenha capacidade de absorver os pacientes mais graves que necessitem de UTI.”
Além de Paulo Ricardo Martins Filho, a nota técnica é assinada pelos professores do departamento de Farmácia e dos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e em Ciências Farmacêuticas da UFS, Lucindo Quintans Júnior e Adriano Antunes Araújo, e pela doutoranda em Ciências da Saúde, Carolina Santos Souza Tavares.
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Outras projeções
Há cerca de um mês, o professor Paulo Martins também havia projetado a ocupação de 100% dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 nas redes pública e privada no prazo de oito dias. Caso não houvesse a ampliação do número de leitos de terapia intensiva à época, o sistema de saúde teria colapsado na metade de maio.
Projeto EpiSergipe
A Universidade Federal de Sergipe firmou uma parceria com o Governo de Sergipe para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do novo coronarívurs em Sergipe. O investimento será de R$4.160.000,00 através de emenda parlamentar. Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os impactos socioeconômicos da pandemia no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações vulneráveis.
Fonte: Josafá Neto | Rádio UFS
Publicado: 09/06/2020