Praias de Aracaju contaminadas por manchas de óleo
O Sombreiro Surf Notícias fiscalizou a faixa arenosa dos Arcos da Orla da Atalaia até a Praia dos Artistas, no bairro Coroa do Meio, em Aracaju, após inúmeras reclamações dos surfistas na última semana, devido ao reaparecimento das manchas de óleo
Um filme de terror ambiental sem fim! Essa é a realidade das areias das praias de Aracaju. A quantidade de manchas de óleo (petróleo) encontradas por surfistas no último domingo (16), coloca em risco a vida marinha, a biodiversidade litorânea e a saúde pública dos sergipanos e turistas.
Os resíduos de óleo, altamente tóxicos, foram encontrados em diversos tamanhos e nos dois pontos das praias fiscalizadas em Aracaju: limite da preamar (alcance total da maré cheia e do baixa-mar) e faixa arenosa, posterior à preamar.
Até o limite total da maré cheia, o Sombreiro Surf encontrou pequenas manchas óleo acumuladas ao longo da semana anterior, devido à movimentação do ciclo maré. Na linha de baixa-mar, foram encontradas manchas de petróleo que chegaram no litoral de Aracaju, no último final de semana.
“Temos duas qualidades de petróleo. Pequenas manchas secas e outras pastosas, de vários tamanhos. As pastosas chegaram ao litoral entre sábado e domingo, no movimento da maré. Nas últimas semanas, as manchas chegaram com mais intensidade. De onde vem tanto petróleo?”, comentou e perguntou um surfista que pegava onda no outside da Praia do Havaizinho, na manhã de domingo (16), para outro amigo surfista.
Segundo uma nota técnica divulgada pela Marinha do Brasil nos últimos dias, apontou para um novo incidente próximo ao litoral do Nordeste, desde agosto de 2022, manchas de óleo apareceram em diversas praias de Pernambuco, Bahia, Paraíba e Alagoas. Não existe relação com o vazamento de 2019. O fato pode está relacionado ao lançamento de restos de petróleo em alto mar, após lavagem do tanque de um navio petroleiro.
Pesquisas científicas realizadas pelas universidades e órgãos competentes apontaram que os resíduos foram produzidos no Golfo do México.
Do litoral pernambucano, o Centro de Pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na região, confirmou a retirada de duas toneladas de petróleo cru das praias.
Degradação ambiental permanente nas praias de Aracaju
A faixa arenosa, posterior ao limite da preamar, encontra-se degradada após o maior crime ambiental de vazamento de petróleo no litoral brasileiro, ocorrido em 2019. Segundo investigações da Polícia Federal, as manchas de óleo foram encontradas em mais de mil localidades, em 11 estados litorâneos, incluindo todo o litoral sergipano.
Em diversas praias afetadas pelo maior crime ambiental do Brasil, as instituições públicas (Federal, Municipal e Estadual) se uniram a sociedade civil, aos empresários, as comunidades pesqueiras e marisqueiras, aos surfistas e cidadãos das cidades afetadas, para peneirar as areias arenosas das praias nordestinas, evitando a permanência de pequenos fragmentos de resíduos de óleo enterrados, que proporcionam ato contínuo de degradação ambiental.
A limpeza pública das praias, realizada semanalmente pela máquina saneadora da Prefeitura de Aracaju, ao longo do tempo, contribuiu para o processo de contaminação contínua das principais praias do litoral norte.
Grande parte dos resíduos de petróleo, acumulados após sequenciados vazamentos (Óleo vazado da Plataforma Marítima Camurim da Petrobras chega nas praias de Aracaju / Manchas de óleo chegam no litoral de Aracaju), está sendo fragmentada pelo maquinário. Pequenas manchas de óleo seco são encontras em abundância nos locais que recebem a limpeza mecânica semanalmente.
Segundo a matéria jornalística da Prefeitura de Aracaju, a máquina saneadora é utilizada para otimizar e acelerar o processo de recolhimento do lixo sólido descartado irregularmente pelos banhistas, no decorrer da semana. Por outro lado, também recolhe parte do lixo marinho, trazido pelo movimento das marés e das cheias dos rios Sergipe, Poxim e Vaza-Barris, na capital, além de outros rios sergipanos que desembocam no Oceano Atlântico.
A máquina saneadora efetiva a limpeza dos resíduos sólidos – bitucas de cigarro, plásticos, palitos de picolé e churrasquinho, cascas de amendoim – numa profundidade de até 20 cm. Contudo, ao revirar a areia da praia, as manchas de petróleo mais secas, são fragmentadas em pequenas e micropartículas, ampliando o processo de contaminação da faixa arenosa.
Na faixa de areia das praias dos Arcos da Orla da Atalaia até o Havaizinho (em frente ao Hotel Sesc), onde recebe inúmeros banhistas da capital, interior e de outros estados diariamente, apresentam alto índice de fragmentos petróleo, prejudicando todo o ecossistema costeiro e a saúde da população.
Matenha atenção ao levar crianças às praias fiscalizadas pelo Sombreiro Surf, manipular manchas de petróleo proporciona risco à saúde. Caso ocorra ingestão ou reação alérgica, o responsável deve procurar a Unidade de Saúde mais próxima e, também comunicar o fato as autoridades públicas: Secretaria Municipal do Meio Ambiente: (79) 3225-4151, ADEMA – Administração Estadual do Meio Ambiente: (79) 3198-7150, Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe: 193, CPSE – Capitania dos Portos de Sergipe – Marinha do Brasil: (79) 3711-1646.