Peixe-boi-marinho “Tupã” é encontrado gravemente ferido no litoral sul de Sergipe
Peixe-boi-marinho “Tupã” é encontrado gravemente ferido no litoral sul de Sergipe
O peixe-boi-marinho reintroduzido “Tupã”, que vem frequentando há quase dois anos o litoral sul de Sergipe e norte da Bahia, foi encontrado por técnicos do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho na tarde do último sábado (10/12), na Prainha, em Indiaroba (SE), com graves ferimentos na nadadeira caudal característicos de atropelamento ocasionado por embarcação motorizada. Um dos ferimentos tinha 3,5 cm de profundidade. A equipe do projeto imediatamente realizou os atendimentos e iniciou o tratamento das feridas. Na ocasião, “Tupã” estava ao lado do peixe-boi-marinho “Astro”, que infelizmente já conhece bem esse problema na região, pois já foi atropelado mais de 20 vezes.
A primeira vez que “Tupã” foi visto com “Astro” foi no carnaval de 2021. Desde então, de tempos em tempos, o viajante “Tupã” sempre retorna ao local para visitar o “amigo”. Infelizmente, desta vez, devido ao problema crônico de tráfego intenso e desordenado de embarcações no litoral sul de Sergipe e norte da Bahia, que se torna ainda mais complicado durante as férias de verão, o animal, que viaja pelo litoral do Nordeste, acabou sendo ferido. O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – pede atenção redobrada aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins): Antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos.
Outro problema recorrente na região é com relação às interações equivocadas da população com os animais. Portanto os técnicos do projeto pedem a colaboração de todos (moradores, turistas, banhistas, pescadores) para não tocar, não alimentar e nem fornecer bebida aos animais. Caso alguém encontre um peixe-boi-marinho, o melhor a fazer é manter distância, respeitando a área de uso do animal, e apenas admirá-lo de longe. Se o peixe-boi estiver em perigo, machucado ou encalhado, entre em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho pelos telefones: (79) 99130-0016 / (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp).
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“A aproximação, o toque e a oferta de alimentos podem causar uma dependência dos animais a estas ocasiões e trazer dificuldades para a adaptação deles à vida livre. Além disso, existem doenças que podem ser veiculadas nestes contatos, tanto das pessoas para os peixes-bois como vice-versa. Os peixes-bois se alimentam de vegetação aquática encontrada no mar, nos estuários e manguezais. Os alimentos ofertados pelos humanos não fazem parte da sua dieta. Quando estão com sede, os peixes-bois entram nos estuários e procuram nascentes de água doce para beber. Ou seja, eles encontram tudo o que precisam na natureza, não precisam dos humanos para isso. Ademais, determinadas tentativas de interação com os animais podem perturbá-los e/ou machucá-los”, ressalta o médico veterinário e pesquisador prof. Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.
HISTÓRICO DE “TUPÔ E “ASTRO”
“Tupã” tem aproximadamente 17 anos. Foi resgatado ainda filhote em 2005 pela equipe da Aquasis na praia de Uruaú, em Beberibe (CE), sendo logo encaminhado para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, localizado na Ilha de Itamaracá (PE), onde permaneceu por seis anos em processo de reabilitação. Em 2011, “Tupã” foi transferido para o cativeiro em ambiente natural localizado em Porto de Pedras (AL) e em 2012 foi reintroduzido na natureza, no litoral alagoano. Há alguns anos, “Tupã” sofreu um corte com faca ou algum objeto perfuro cortante, provocando um sério ferimento na região da cabeça, razões pelas quais precisou ser resgatado com urgência pela equipe da APA Costa dos Corais e CEPENE/ICMBio, retornando para tratamento intensivo em cativeiro de readaptação. Após ser restabelecida a sua condição clínica, novamente ganhou a liberdade. Vê-lo com boa condição corporal, sem qualquer ferimento e utilizando novas áreas é com certeza uma grande conquista para todos.
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Já “Astro” têm um histórico de extrema importância para a conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Ele e a peixe-boi “Lua” foram os primeiros animais da espécie a serem reintroduzidos no país. Em 1991, ele foi encontrado ainda filhote encalhado na praia de Aracati (CE), sendo em seguida encaminhado para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, em Itamaracá, onde permaneceu por três anos em processo de reabilitação. Em 1994, foi transferido para um cativeiro construído em ambiente natural, em Paripueira (AL), e, após readaptado às condições ambientais, foi solto nesta mesma região. Por volta de 1998, “Astro” se deslocou para o litoral de Sergipe e, desde então, vem utilizando a área compreendida entre o rio Vaza-Barris (SE), o complexo estuarino rio Real até Mangue Seco, litoral norte da Bahia.
Fonte: Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho
Imagens: Acervo FMA