Ítalo Ferreira campeão mundial de surf
A World Surf League (WSL) reiniciou o Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons no penúltimo dia da janela de competição em Pipeline de Banzai, Oahu, Havaí, quinta-feira (19), e em uma final olímpica brasileira, Ítalo Ferreira bateu o bicampeão mundial Gabriel Medina e se consagrou campeão mundial de surf.
A disputa pelo título de campeão do CT – Championship Tour 2019 no Round 16 reservou emoção e muitos tubos entre o potiguar Ítalo Ferreira, o paulista Gabriel Medina e o americano Kolohe Andino.
Na primeira rodada dos 16 melhores, Ítalo Ferreira enfrentou o compatriota Peterson Crisanto, e no primeiro movimento na água descolou um tubo para Pipeline que lhe rendeu 5,17 e uma ‘pranchada’ que acertou o seu tronco na manobra de finalização.
Inspirado na busca pelo primeiro título mundial, Ferreira achou o segundo tubo para Pipeline numa bateria inconstante, mas com ondas de qualidade, rendendo 6,67 pontos.
Peterson Crisanto abriu a bateria pegando uma vaca impressionante na primeira onda. O atleta foi arremessado do topo até a base da ondulação. Em seguida achou uma onda para Backdoor, botando para dentro de um tubo balançando, rendendo 3,33 pontos.
Na somatória das duas melhores ondas, o líder do CT, Ítalo Ferreira, alcançou 11,84 contra 4,23 de Crisanto e deu o primeiro passo às quartas de final.
Kolohe Andino fora da disputa
Com a vitória de ĺtalo Ferreira, o sonho do americano Kolohe Andino em ser campeão mundial foi adiado para a temporada CT 2020. Mas a pergunta disseminada nas redes sociais entre os amantes do esporte antes da bateria de número 5, do brasileiro Gabriel Medina contra o compatriota e inspiradíssimo Caio Ibeli: Quem levantará o caneco de campeão mundial, Ítalo ou Medina?
Gabriel Medina também era Brasil
A apreensão tomou conta de todos no round de número 5 dos 16 melhores surfistas, Gabriel Medina tinha a obrigação de avançar contra Caio Ibeli para continuar na disputa pelo seu terceiro título. Com o mar inconstante os competidores não acharam boas ondas, consequentemente, a média de pontuação foi 1,34 no final do round.
No decorrer da apresentação, Medina surfou um tubo curto para Pipeline, rendendo 2,22 pontos e outro tubo mediano para Backdoor, de 4,44. Caio Ibeli não conseguiu uma boa apresentação e na somatória das duas melhores ondas o atleta alcançou apenas 1,13 pontos.
Medina abriu o livro de regras WSL
Faltando poucos minutos para o término do calor, Medina abriu o livro de regras e bloqueou uma onda para Pipeline de Caio Ibeli, o surfista local do Guarujá detinha a preferência. As comunidades brasileiras surf entraram em pânico com a ‘rabiada’ de Medina, ninguém sabia naquele momento o que ocorreria: Medina estaria eliminado e Ítalo campeão do CT 2019? O silêncio reinou por longos segundos entre os analistas da WSL e, também, nos expectadores presencial e virtual.
Como Gabriel já tinha duas notas no somatório, ao bloquear a onda preferencial do seu oponente, de acordo com o livro de regras da World Surf League, a sua segunda menor nota foi cortada por ‘interferir’ na onda do Ibeli, restando apenas a nota 4,23.
No término da bateria Caio Ibeli obteve apenas 1,23 pontos, contra 4,23 de Medina e com o resultado o bicampeão avançou para o próximo round. Na visão de muitos internautas e alguns analistas da WSL, o jogo de Medina foi sujo ao interferir de forma proposital na onda de Ibeli nos minutos finais.
Caso Caio Ibeli tivesse surfado a onda bloqueada, Gabriel correria o sério risco de perder a bateria. Em entrevista ao staff da WSL, após o término do round 5, o bicampeão afirmou que apenas usou o livro de regras.
Ítalo Ferreira nas quartas de final
Na primeira bateria das quartas de final, 100% brasileira, Ítalo Ferreira enfrentou Yago Dora, com a praia lotada energizando a esperança de melhora das ondas em Banzai Pipeline. Os ancestrais havaianos retribuíram com bons tubos no início da rodada.
O líder do CT botou para dentro em Pipeline, andou bem e com intensidade na onda, rendendo 6,83 pontos na primeira nota do somatório. Yago Dora respondeu com uma nota 4,00 e deteve a preferência de escolher a próxima onda no outside, em seguida, ele se jogou numa bomba para Pipe, mas o tubo fechou e derrubou o atleta da prancha.
Ítalo Ferreira respondeu em segundos, pegou uma bomba à esquerda e botou para dentro de um tubo intenso, saindo com velocidade e voando alto na parte final da onda, a torcida na beira da praia foi à loucura com a nota 8,83 aferida pelos juízes.
O paranaense Yago respondeu a altura, pegou um bom tubo e tirou 6,67, na somatória final da bateria o resultado foi 13,50 contra 15,66 de Ítalo Ferreira. O líder do circuito deu o segundo passo, chegou a semifinal do Pipe Masters, forçando mais uma vez Gabriel Medina vencer o round 3 das quartas de final, contra o comedido havaiano John John Florence.
Gabriel Medina nas quartas de finais
Na terceira bateria das quartas de finais dois campeões mundiais e exímios conhecedores da bancada de Banzai Pipeline remaram para o outside, Gabriel Medina em busca do tricampeonato e o havaiano John John Florence suando a lycra para alcançar o seu objetivo, conquistar a última vaga no time americano para as Olimpíadas de Tóquio 2020.
Afastado desde o último mês de junho devido a uma cirurgia de ligamento cruzado anterior no seu joelho, ocorrida na etapa de Saquarema, Florence vinha competindo de forma comedida em Oahu, escolhendo bem as ondas e não colocando tanta intensidade na articulação do membro inferior.
Ao contrário, Gabriel Medina, vinha embalado e surfando muito para chegar à final do Pipe Masters, pegou o primeiro tubão para Pipeline, rendendo 8,40, e no segundo excelente tubo cravou a maior nota da bateria, 9,23 pontos, somando 17,63 contra 12,33 pontos do havaiano. Gabriel mostrou superioridade em toda a bateria, tirando qualquer chance de virada de Florence, e foi firme na direção da grande final brasileira.
Ítalo Ferreira embalado na semifinal
Na primeira semifinal do Pipe Masters, a nação brasileira também chamada Ítalo Ferreira, confrontou com o 11 vezes campeão mundial, a lenda viva do CT, Kelly Slater.
Em um começou on fire entre os competidores, o americano pegou um tubo power para Backdoor na primeira grande onda da série, mas infelizmente não achou a boca aberta e tomou uma massa d’água na cabeça.
Ítalo respondeu à altura, aproveitando a prioridade e a segunda onda mais perfeita da mesma série em direção a Pipeline, pegou um tubão vertical aberto que lhe rendeu 8.60. Pouco antes dos 20 minutos finais, o potiguar remou numa onda backup intermediária para esquerda, cravando 4,83 pontos. A tática de surfar para Pipeline estava dando certo no calor da bateria.
O americano acreditou mais uma vez em Backdoor, errando na tática já que a onda estava fechando e não proporcionava um tubo completo, consequentemente, entrou em combinação de 13,43 pontos. O sonho olímpico entrou em risco!
Na reta final, no momento mais tenso para Slater, o brasileiro pegou outra onda intermediária e botou para dentro de Pipeline, andou duas sessões no tubo e saiu momento certo, com muita técnica e radicalidade, sacramentado a sua vitória com a nota 6,17. Ferreira trocou a segunda nota e ampliou a combinação perante a Kelly Slater e venceu a lenda do surf mundial com o largo placar de 14,77 contra 2,57.
O sonho olímpico para o maior surfista da história ficou pelo caminho, Kelly Slater terminou o Pipe Masters 2019 na terceira posição e se sagrou campeão da Vans Triple Crown of Surfing.
Ítalo Ferreira avançou para a grande final do Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons, mostrando meritocracia em vestir a camisa amarela de líder do CT perante os analistas e juízes da WSL.
Gabriel Medina em busca da final
Na segunda semifinal, Gabriel Medina começou a rodada com sagacidade, construiu o resultado numa bateria de ondas inconstantes, mas dominando a disputa desde o início contra o americano Griffin Colapinto.
Nas duas melhores ondas surfadas para Pipeline, Gabriel pontuou 5,00 na primeira e 8,00 pontos na segunda. Já o americano, escolheu a tática errada em surfar para Backdoor, remou em ondas boas que poderiam pontuar competitivamente, mas os tubos fecharam e abriu caminho para Medina manter a preferência e escolher a melhor a onda da bateria.
Gabriel Medina mais uma vez sobrou na bateria, bateu Griffin Colapinto com ampla pontuação, 13,00 contra 7,10, avançando à grande final do Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons. Os havaianos aplaudiram de pé a segunda final que seria realizada entre brasileiros nos últimos anos.
A grande final brasileira
A sirene tocou para a grande final brasileira em Pipeline, Ítalo Ferreira não deu mole e disputou a primeira onda da bateria com Gabriel Medina, indo para Backdoor e pegando um tubão intenso, arrancando aplausos e a nota 7,83 dos juízes. O nordestino colocou gasolina na fogueira nos próximos 39 minutos de bateria. Gabriel ficou com a prioridade na mão e esperando a melhor onda, só que Ítalo pagou outra ondulação à esquerda, Pipeline, para ampliar o somatório, cravando 6,17 após pegar um bom tubo e fechar a onda com um aéreo 360 rodando, levando os presentes ao delírio.
O potiguar estava faminto pela vitória, mas o bicampeão e tubo rider brasileiro, Gabriel Medina, escolheu uma bomba para Pipeline, botando para dentro profundamente e saiu lá na frente, levando a galera da areia da praia ao êxtase com a nota 7,77. Com a prioridade, Ítalo pegou o melhor tubo da grande final até aquele momento, mas na saída do tubo o lip caiu sobre a sua cabeça, derrubando o atleta e evitando o que poderia ser a maior nota da bateria.
Gabriel respondeu breve, surfou para Pipeline, pegando um tubo rápido, trocando a segunda nota para 4,50, quase na metade do tempo de bateria. Com a prioridade, Ítalo Ferreira deixou a primeira onda para Medina, mas a força da natureza de Banzai Pipeline e os ancestrais havaianos fecharam a grande placa d’água, forçando o brasileiro a abortar o grande tubo.
Aos 12 minutos de bateria o placar para Ítalo Ferreira na somatória das duas melhores ondas estava 14 pontos contra 12,94 de Gabriel. O paulista local de Maresias precisava de 6,24 para virar a bateria e detinha a preciosa preferência nos dez últimos dez minutos. Ítalo remou numa intermediária para Pipeline, onda pequena, mas com um tubo profundo e para finalizar de forma progressiva, mandou um aéreo 360 com rotação completa. O potiguar trocou a segunda nota para 7,73, elevando a diferença para 7,80, ficando mais próximo do título.
Ítalo Ferreira e Gabriel Medina elevaram a pressão e aceleraram o batimento cardíaco de todos os brasileiros amantes do esporte. A maioria dos havaianos presentes nas areias de Pipeline estava na torcida por Ítalo Ferreira, e como a união de energias faz a força, o potiguar que detém o backside mais poderoso do circuito mundial, atropelou Medina em uma bateria de muitas emoções, sendo consagrando o primeiro atleta da região Nordeste campeão do Championship Tour da WSL e, também campeão da competição mais importante do CT, Billabong Pipe Masters.
O Brasil mostrou toda a sua força à Liga Mundial de Surf, às comunidades surf do mundo e todos os espectadores que lotavam as areias de Pipeline, Ítalo Ferreira se tornou o terceiro surfista do Brasil a vencer o Championship Tour e o Pipe Masters, colocando o seu nome na história da WSL numa final emocionante. Comemora Baia Formosa, comemora Nordeste, comemora Brasil, tetracampeão e potencia no surf mundial.
RESULTADOS DA BATERIA FINAL DO BILLABONG PIPE MASTERS:
1º – Italo Ferreira (BRA) por 15,56 pontos (7,83+7,73) – US$ 100.000 e 10.000 pts
2º – Gabriel Medina (BRA) com 12,94 pts (7,77+5,17) – US$ 55.000 e 7.800 pts
TOP 5 RANKING FINAL DO CHAMPIONSHIP TOUR WSL