Rio Surf Pro: fotógrafo Dry Diboa comenta a experiência de viver Saquarema
O fotógrafo Dry Diboa esteve presente no maior evento do calendário surf profissional do Brasil, o Rio Surf Pro, realizado pela World Surf League (WSL), na Praia da Barrinha, Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, em junho de 2019.
As lentes nervosas de Dry Diboa registraram ondas épicas e diversos surfistas em ação nas últimas temporadas na Praia das Dunas, litoral sul de Sergipe. Com a técnica apurada e equipamentos adequados, o fotógrafo viajou ao lado da família para assistir a etapa número 5 do Championship Tour (CT) da WSL, na ‘Meca do Surf Brasileiro’, cidade de Saquarema.
Em entrevista exclusiva para o Sombreiro Surf, Dry Driboa relata toda a movimentação nas areias da Praia da Barrinha e, especialmente, dentro do mar, seja pelos atletas Championship Tour ou surfistas free surf. As brilhantes vitórias do brasileiro Filipe Toledo e da australiana Sally Fitzgibbons no Rio Surf Pro foram registradas por imagens e vídeos, alguns arquivos estão publicados nas redes sociais do fotógrafo e outros serão veiculados em breve.
O fotógrafo também relatou a oportunidade em vivenciar todas as particularidades da cidade surf mundial, citando o comportamento dos saquaremenses: povo alegre, educado e receptivo. Além das belezas naturais, da galera alto astral que vibrava a cada onda surfada pelos competidores das areias da praia, a experiência de viver baladas memoráveis ao lado de pessoas bonitas e curtir diversas ondas para todos os níveis de surfistas.
Confira a entrevista especial do Sombreiro Surf (SS) com o surfista e fotógrafo profissional Dry Diboa (DD).
SS – Nos últimos dias você publicou no Instagram um vídeo com momentos mágicos do Rio Pro Saquarema 2019. O material era inédito, uma galera surf de Sergipe comentou sobre as cenas e com isso, o conteúdo obteve grande repercussão. Como foi sua estadia na ‘Meca do Surf Brasileiro’, cidade de Saquarema, no Rio de Janeiro, e assistir ao vivo a maior competição surf profissional do Brasil, a quinta etapa do Championship Tour da World Surf League?
DD – Realmente o vídeo ficou irado. Uma homenagem ao campeão da etapa no Rio, Filipe Toledo. Tem muito material, porém, para ter mais alcance no Instagram, compactei o máximo pra não ultrapassar os 59 segundos. A música foi minha filha que escolheu, e devido alguns compromissos que mudaram minha viagem de férias para uma permanência aqui em São Paulo, não pude acessar o material, por isso a demora. O fato de a galera gostar só me incentiva cada vez mais a buscar evolução e escalar patamares mais altos. Essa viagem aconteceu de última hora e eu não esperava. Fui com a família e aluguei uma house a 1 km do palanque. Cheguei um dia antes e já fui ver o cenário do ‘campex’. Isso me deu a chance de bolar uma estratégia de posicionamento e locação, facilitando o trabalho pra obter ao máximo o melhor material. Eu chegava às 05h30min e saia depois do evento finalizar as fases do dia, geralmente eu ia dormir 2h da madrugada e 3h de sono era o suficiente pra encarar a rotina até o final do campeonato. Pra mim foi um privilégio ter vivido esse momento.
SS – Você assistiu à Praia da Barrinha quebrar épico, perfeito, com altos tubos durante a janela de competição e, também, nos treinos dos competidores. Qual foi a sensação ao ver todo o potencial da onda da Barrinha?
DD – A Barrinha funcionando é um espetáculo à parte. O píer de pedra trás um charme nas fotos e pra quem quer se arriscar um pouco mais, tem como ficar em cima das pedras, estar a poucos metros dos atletas na água, isso é realmente algo extraordinário. Em alguns momentos era possível ouvir a voz dos atletas na água e o ângulo de visão é espetacular. No momento off do ‘campex’ o mar ficou de gala por horas, todos os atletas passavam alucinados. Infelizmente a chamada do evento em minha opinião foi errada, no dia seguinte já tinha quebrado clássico. Vários surfistas pegando tubos imensos e vários jet sky com alguns surfistas fazendo tow-in. A galera local é especialista na onda da Barrinha, eles alertaram que seria um dia histórico, porém a organização preferiu iniciar o evento no palanque principal no canto esquerdo, enquanto no canto direito da Barrinha as ondas bombavam, só tubão baforando pra todo lado. Dava pra sentir a energia se propagar no solo, você é doido, é incrível!
SS – No free surf a temperatura subiu na água. No seu ponto de vista quem mais surfou na Barrinha e quais locais se destacaram?
DD – Rapaz não tem como não concordar, o Careca (Kelly Slater) do espaço roubou a cena. Acho que foi uma forma do universo me recompensar, meu sonho era vê-lo surfar pessoalmente. Em 2015 fui ver a etapa na cidade do Rio, ainda na Barra da Tijuca, naquela ocasião já fazia alguns anos que Kelly não vinha à etapa brasileira. O primeiro round foi épico, só tubo! Chegando eu na praia no início da primeira bateria do primeiro round, a poucos metros de mim, o Careca sai de um tubo depois da baforada, irmão quando vi aquilo não segurei a emoção e as lágrimas de alegria foram inevitáveis. Depois daquela etapa Kelly não veio mais, porém nessa última ele veio e eu estava lá de novo. Ele quebrou no free surf, parecia local na água. Posicionou-se perfeitamente e dropava em baixo da multidão do crowd, descia no limite é completava os tubos mais quadrados e longos. Se tivesse sido feito a chamada naquele momento na Barrinha, com certeza o campeonato teria entrado pra história e, o Brasil, iria chocar o mundo ao vivo pela qualidade daquela onda. Já os locais, são muitos e a maioria se joga. Tem um guri com a prancha da Quiksilver que arrebentou, até hoje não sei quem é, mas tenho muitas fotos de tubos desse guri. João Chumbinho quebrou e Raoni Monteiro sempre puxa o limite, enfim, a galera local bota pra baixo, são destemidos e surfam muito.
SS – Na frente do palanque, entre a água salgada e as areias da Barrinha é pura ferveção, tanto para os atletas como para os expectadores surfistas e simpatizantes apaixonados pelo esporte. Quais surfistas que lhe surpreenderam ao parar para conversar, se relacionar e fazer amizades?
DD – O cenário é de tirar o fôlego, os torcedores brasileiros são um show à parte, inclusive toda a WSL aprendeu a curtir a vibe da galera brasileira. Após cada onda bem surfada, todos comemoravam, mesmo não sendo atletas brasileiros na onda. Quando um brasileiro virava uma bateria, rapaz era loucura e se fosse aos segundos finais que acontecesse a virada, brother, parecia à comemoração de gol em final de Copa do Mundo. Em relação à interação entre atleta e torcedor, a galera da Austrália dá show, fica o tempo todo dando atenção ao público, não ali no palanque, mas na areia, vem e senta ao seu lado, sorri e te cumprimenta. Os australianos são gente boa, tanto os atletas do masculino como as atletas do feminino. As meninas esbanjam simplicidade e respeito pelo público brasileiro. Bem, eu não sei se meu charme ajudou também.
SS – Saquarema é muito show, a cidade respira surf 24 horas, tendo campeonato ou não. Descreva para os leitores do Sombreiro Surf o que a cidade proporciona de bom para o turista, como é o comportamento do saquaremense e qual local que mais encantou a sua família?
DD – Sim, realmente a cidade é puro surf, tudo gira em torno do surf, e todos na região já são acostumados a verem o paraíso deles ser invadido por gente de toda parte. O povo local além de receptivo é muito educado, você será bem recebido por todos, desde a moça do caixa do supermercado, o frentista do posto de gasolina, a moça do açaí e até o rapaz que vende água na praia gritando o dia inteiro, “São 7 filhos pra criar aehh”. Todos irão te atender muito bem! O visual do lugar é bizarro, tira o fôlego de qualquer um, são vários cenários perfeitos pra fotos com a família, incluindo a igreja de Itaúna. Vale muito a pena ir com a família. Minha esposa e minha filha amaram e voltaremos assim que possível. Para quem é solteiro, também é bacana, o carioca é muito ‘amigueiro’ e logo faz você se sentir em casa. Fiz várias amizades, também tem altas gatas (eu não vi, a patroa estava com antena bem ligada… kkkk, mas os brothers que estavam lá comigo disseram e eu acredito) sempre dispostas a fazer amizades e dão muita atenção, além de entender tudo de surfe. Elas acompanharam todas as etapas e têm um alto nível de conhecimento pra debater o assunto com qualquer especialista. É astral por cima de astral.
SS – Por estar cravada na Região dos Lagos, Saquarema recebe um grande fluxo turístico na alta estação e de surfistas de todo o mundo que buscam qualidade de onda. No seu ponto de vista, quais benefícios que uma etapa do Championship Tour proporciona à cidade sede do evento?
DD – Realmente, o lugar é o mais perfeito possível pra uma etapa do mundial de surf. A WSL sabe se beneficiar com tudo que a região oferece e promove, realmente é um show midiático à favor do local e, assim, se auto promove também. Na praia existem vários atrativos promovidos pela WSL, fazendo com que você fique vidrado em tudo que gira em torno do evento. O retorno pra cidade é uma espécie de bola de neve que aumenta a cada ano, já no ponto de ter se tornado uma avalanche gigantesca. Tudo gira 24 horas por dia nos dias do evento. Eu fui à Barra da Tijuca e preferi mil vezes Saquarema. Na Barra, no último dia de competição, tinha mais de 50 mil pessoas na areia, eu fiquei com medo e fui assistir o ‘campex no flat, sem risco de aquilo sair do controle e virar algo do tipo sem controle. Já em Saquarema, mesmo com uma multidão a sensação de segurança era notável, até os atletas ficam mais relaxados e confortáveis. Saquarema tem tudo pra todos os gostos e condição financeira. Desde alimentação a hospedagem, tem sempre uma oportunidade que cabe no seu bolso. Fui de carro próprio, levei muita coisa e fiquei muito impressionado e satisfeito. A cidade é tudo de bom e tem várias ondas. Através das imagens que fiz, tentei reproduzir toda essa vibe que corresponde às perguntas e às respostas desta entrevista. Termino agradecendo a galera de Sergipe. Daqui a alguns dias estou na área. Agradeço ao Sombreiro Surf pelo espaço e por sempre promover o surf, esse esporte que tanto amamos. Valeu galera, a gente se bate em Bananas!
Aracaju (SE), 14 de fevereiro de 2020