Políticas públicas normalizadas para o desenvolvimento do esporte surfe no Nordeste
Uma das cidades mais surfe do Nordeste, a internacional Itacaré, localizada no sul da Bahia, despontou no cenário esportivo mundial ao receber competições internacionais nas ondas da Praia da Tiririca.
Itacaré, nas últimas décadas, se consolidou como destino turístico surfe do Brasil. A qualidade das ondas revela novos talentos para representar a Bahia nas competições nacionais e mundiais.
Em 2022, o Governo da Bahia e o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Território Litoral Sul (CDS-LS), anunciaram a construção do primeiro Centro de Treinamento de Surf do Norte-Nordeste em Itacaré. As obras estão em andamento e o empreendimento já é gerido pela Associação de Surf de Itacaré (ASI), para promover o crescimento esportivo através da troca de conhecimento técnico e relacionamento entre os atletas locais, nacionais e internacionais.
O turismo esportivo contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico da cidade. Com isso, na mesma medida, o surfe cresceu como ferramenta de novas oportunidades na região da Costa do Cacau.
Na última semana, o debate de construção das políticas públicas para ordenar o crescimento esportivo em Itacaré, no tocante as aulas de surfe ministradas por instrutores para novos surfistas, entrou em evidência nas redes sociais.
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É correto afirmar que as políticas públicas entorno do esporte surfe não se desenvolveram na mesma medida como ferramenta propulsora econômica, seja na cadeia de valor turística nordestina, ou na comercialização de produtos e serviços.
O tema surfe vs. mercado vs. política pública norteia o fértil solo para elaboração de políticas públicas nas cidades nordestinas. A galera local de Itacaré, da Necton Criador de Conteúdos, botou pra andar para frente o rico debate:
“Com o surf em alta, cada vez mais crianças, jovens e adultos se interessam pela modalidade e buscam aulas para aprenderem a surfar. Neste sentido cresce também o número de interessados em ministrar aulas de surf e fazerem parte deste mercado crescente”, afirmou. “Até aí tudo bem, mas tratando de um esporte sujeito a riscos, dá aulas de surf não pode ser apenas ensinar algumas técnicas e ajudar os alunos a ficarem em pé na prancha”.
“Antes de tudo, a principal função do instrutor de surf é conhecer o nível de experiência e dificuldades de cada aluno; ter conhecimento básico de primeiros socorros, caso tenham que agir e jamais deve colocar a integridade física do aluno e dos demais em risco, jogando o aluno iniciante na Praia da Tiririca em plena maré seca (interferindo e atrapalhando o tubo alheio), como fica claro nas imagens acima, registradas pelas lentes do @surffotograf”, continua a galera da Necton. “Acredito que aqui em Itacaré, já está na hora do Poder Público fazer política pública de verdade no esporte, com legislação municipal adequada, com criação de fundo e conselho desportivo, inclusive com aprimoramento e liberação de alvarás e licenças para escolas e instrutores desportivos nas mais diversas modalidades praticadas na nossa Cidade”.
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O pensamento da galera da Necton germinou frutos de qualidade para prosperar o esporte, como o cacau e o dendê, plantados no fértil solo e transformados em produtos, que desenvolveram economicamente a região sul da Bahia no século XX.
O surfista e empreendedor Ricardo Luz, aprofundou o debate ao explanar a informação de uma nova lei municipal sancionada em Itacaré.
“Acabei de ser informado pelo Vereador Diego Augusto sobre a sanção da Lei 437 de 29 de março de 2023, que institui o Sistema Itacareense de Esporte e Lazer, cria o Fundo Municipal de Esporte e Lazer, bem como cria o Conselho Itacareense de Esporte e Lazer, com direito a criação do Cadastro Municipal Normativo de todos os agentes, equipamentos e condições dos mesmos para as práticas desportivas”, disse o Ricardo Luz.
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O grave problema reflete o cenário de várias cidades surfe nordestinas. Torna-se necessário iniciar o debate nas instituições públicas, para normalizar o exercício da profissão de instrutor de surfe, o uso de rede de pesca nos locais da prática esportiva, fomentação de ações no calendário esportivo do município ou do estado, ou ampliar a prática esportiva no ambiente educacional de crianças e adolescentes.
O conjunto de políticas públicas normalizadas, mediante leis sancionadas pelos poderes públicos, nortearão os novos praticantes para novos hábitos saudáveis, desenvolvimento educacional e ambiental, e crescimento sustentável esportivo, seja como cidadão, atleta amador, profissional ou free surf, além de estruturar e respaldar os agentes da cadeia produtiva econômica e social: fabricantes de pranchas, lojistas surfwear e empresas focadas em eventos e turismo esportivo.
Foto Destacada: O surfista Ricardo Luz, na preferência da onda, evita o risco de acidente eminente na Praia da Tiririca, em Itacaré/BA / @surffotograf