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O surfista Pietro Garroux é movido por desafios

A vida do jovem surfista Pietro Garmatz Garroux é movida por desafios. Nascido em Florianópolis, o ‘Manézinho da Ilha’ de 14 anos se mudou ao lado da sua família para viver a ‘Pura Vida’ da Costa Rica com apenas 5 anos. Em conversa exclusiva com a redação do Sombreiro Surf, o pai do jovem talento, Marcelo Garroux, disse: “Somos brasileiros, vivíamos em Florianópolis antes de nos mudarmos à Costa Rica, Pietro é nascido em ‘Floripa’, somos uma família de quatro pessoas e resolvemos deixar o Brasil em 2012 para morar no país da Pura Vida”.

A paixão pela prática do skate e do surfe aconteceu ainda na ‘Ilha da Magia’, Pietro Garroux tinha de três para quatro anos, mas devido as constantes frentes frias vindas do Atlântico Sul, que deixavam a água gelada, o pequeno passou a andar mais de skate na pista construída pelo seu pai. Por isso, a família optou em morar ao lado de ‘El Mutante Skatepark’ e da Playa Negra, na província de Guanacaste, um dos picos mais constantes de ondulações do Pacífico Norte, com água morna e ondas perfeitas.

Pietro Garmatz Garroux bota pra dentro do tubo em Guanacaste, Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Com apenas 6 anos, Pietro Garroux começou a surfar diariamente as direitas do point break da Playa Negra. O desafio das competições locais entrou na vida do jovem talento aos 8 anos, sagrando-se campeão de etapas do Circuito Nacional de Surf da Costa Rica e competições regionais.

Movido por desafios, Pietro Garroux foi convidado a explorar a poderosa onda internacional de Zicatela, em Puerto Escondido, México, aos 8 anos, pelo amigo/irmão mais velho Tiago Arraes, conhecido popularmente como ‘Tiaguinho Arraes’, “mestre dos aéreos” para o Manézinho. “Foi a sensação mais louca e assustadora que já me passou, encontramos com umas brasileiras que estavam gravando um programa pro canal Off – Por Elas no México -, viraram minhas amigas, e como já conheciam uns locais a galera deu um suporte. O maior dia que entrei tinha de 8 a 10 pés e eu de 4’4, meu pai e os salva-vidas dando a segurança, era engraçado passar pelas pessoas no line up e todo mundo ficar te olhando com cara de espanto, alguns com colete”, disse Pietro para o Sombreiro Surf.

Pietro Garmatz Garroux em Playa Grande, na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Atualmente, Pietro Garroux está morando na cidade de Tamarindo, em Guanacaste, região que recebe excelentes ondulações no decorrer do ano. As praias de Avellanas, Langosta, Little Hawaii e, em especial, Playa Grande, beach break com ondas perfeitas quebrando para os dois lados, são os locais de treinos do jovem talento nos últimos anos.

Na entrevista a seguir, Pietro Garroux (PG) fala um pouco da sua família, competições e viagens internacionais alucinantes entre Portugal, Califórnia, Mentawaii, Bali e Nicarágua. Também comenta a corrente criativa em fazer desenhos e apresenta para os leitores a sua playlist musical instigante surfe.

Pietro Garmatz Garroux vivendo a “Pura Vida” na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Pietro, você começou a praticar o skate ainda criança, com total apoio dos seus pais. Como ocorreu o processo de transição para o surfe?

PG – Eu comecei no skate em Florianópolis com 3 anos, aos 4 comecei a fazer aulas com o Catarina na RTMF, e meu pai construiu a nossa primeira rampa em casa, eu gosto muito de andar de skate. Meu pai começou a me colocar no surf, como a água de Floripa era muito fria eu cansava muito rápido e acabava andando mais de sk8 que surfando.

Sombreiro Surf – Seu pai relatou à redação que ao mudar-se para a Costa Rica, escolheu uma praia com altas ondas, além, é claro, da pista de skate. Fale um pouco da província de Guanacaste, da qualidade das ondas de Playa Negra e do surfe local.

PG – Depois de meus pais já terem ido à Costa Rica quatro vezes a passeio (duas com a família toda), no final de 2012 eles resolveram que iríamos nos mudar. Meu pai adora a onda de Playa Negra, em Guanacaste, considerada uma das melhores da região aqui do Pacífico Norte, então escolheu ali pra morarmos, onda boa e um skate park (El Mutante Skatepark) praticamente ao lado de onde moramos. Lá passamos três anos, altas ondas e lá que realmente comecei a surfar mais, uma direita perfeita, fundo de pedra, e com os locais que incentivavam ao ver um moleque de sete anos surfar altas nos dias grandes, lógico com ajuda do meu pai e dos locais. Por ser distante da escola que eu estudava com minha irmã, e da dificuldade de se locomover na época de chuvas, meus pais decidiram se mudar para Tamarindo, o que fez nós explorarmos várias ondas ao redor como: Avellanas, Langosta, Little Hawaii, Tamarindo e Playa Grande, um beach break mais próximo de onde vivemos agora, é o lugar que mais recebe ondulações na região, e que tem sido o meu surf do dia a dia nos últimos quatro anos.

Pietro Garmatz Garroux ao lado da sua família na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Aos 8 anos você aceitou o desafio de encarar as pesadas ondas de Puerto Escondido, no México. Qual foi a sessão de botar pra baixo em um dos principais picos da América Latina? Você tem lembrança de alguma onda especial?

PG – Eu tinha 8 anos quando fui pra Zicatela (Puerto Escondido). Recebemos um convite de um amigo e surfista profissional, Tiaguinho Arraes, que chamou meu pai por telefone e falou: “bora, vem pro México, só pague a passagem que tem onde ficar e vai pegar as bombas moleque”. Foi a sensação mais louca e assustadora que já me passou, encontramos com umas brasileiras gravando um programa pro canal Off – Por Elas no México, viraram minhas amigas, e como já conheciam uns locais a galera deu um suporte. O maior dia que entrei tinha de 8 a 10 pés e eu de 4’4, meu pai e os salva-vidas dando a segurança. Era engraçado de passar pelas pessoas no line up e todo mundo ficar te olhando com cara de espanto, alguns com colete. Os locais me explicaram as condições e neste dia consegui pegar cinco ondas, mas tem uma que não me esqueço, ela vinha da série, meu pai e a galera falaram essa, essa, eu remei e meu pai me empurrou forte, só que na minha frente tinha um Stand Up, e aí ‘vaquei’ lá de cima, tomei uma ‘vaca sinistra’, todo mundo gritando, meu pai disse que estava desesperado lá atrás (risos), agarrei na prancha, saí e voltei a entrar pelo canal.

Sombreiro Surf – Em qual momento você resolveu a ser competidor? Quais são os seus principais resultados?

PG – Comecei como diversão, e fui conseguindo resultados e as vitórias te dão mais vontade de seguir. Mas quando vem a primeira derrota aí que você aprende mesmo: saber que tem que surfar mais e saber que só assim que evolui. Meus melhores resultados foram campeão Sub 14 e vice-campeão Sub 12 do Circuito Nacional de Surf Costa Rica – Etapa Caribe, em 2019; campeão da categoria Grommets do Circuito Guanacasteco de Surf, o SURF CGS – Etapa Marbella, em 2019; campeão Sub 14 e campeão Sub12 do Circuito Guanacasteco de Surf, o SURF CGS – Etapa Playa Avellanas, em 2019. A partir de 2020 até hoje devido a Covid-19 não temos mais competições por aqui, talvez neste novo ano volte o Circuito Nacional.

Pietro Garmatz Garroux entubando em Guanacaste, Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Você acabou de completar 14 anos, mas já acumula diversas viagens continentais. Fale um pouco mais das principais trips surf e quais pontos contribuíram à sua evolução esportiva?

PG – Sim, as surf trips foram muito importantes, além do surf, conhecer outras culturas, outras pessoas, e ver o quanto é lindo nosso planeta é demais! Já fui para o México, Califórnia, Portugal e Indonésia. A que mais me marcaram foram as duas vezes que fiz a Boat Trip para as Mentawaii no @siboncharter, ficar 12 dias no barco indo atrás das melhores ondas do mundo é incrível.

Sombreiro Surf Trip boa tem que ter onda, muita alegria e instigação, além da família e amigos, novas amizades, contato com a natureza local e música boa no ouvido. Quais bandas músicas fazem parte da sua playlist no decorrer das trips surf, cite as principais músicas?

PG – Eu tenho uma playlist que costumo ouvir quando vou pra sessão de surf é essa aqui, (clique).

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Sombreiro Surf – A pandemia mundial da Covid-19 afetou a vida dos surfistas profissionais e amadores no planeta. As restrições sanitárias inviabilizaram viagens e realizações de campeonatos, e, também, interferiu nos treinos dentro e fora do mar. Como você se manteve ativo na prática esportiva e quais picos da Costa Rica foram os locais de treino?

PG – Sim, a pandemia afetou muito o surf e o turismo aqui onde eu vivo. As praias ficaram fechadas por três meses, e até o mês de novembro tinha restrições para sair de carro pela placa. Assim que diminuiu bastante o treinamento, aí eram mais skate e treinamento físico. Quando reabriram as praias eu ia bastante à Playa Grande, Playa Avellanas e também Tamarindo. O que foi mais triste foi ver as pessoas perdendo trabalho, já que por aqui todo mundo vive do turismo. Estamos ainda sem nenhuma competição, o que não é bom pra manter o ritmo, e, também, não fiz mais nenhuma trip. A esperança é que neste 2022 volte à normalidade.

Pietro Garmatz Garroux manobrando forte na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Comente um pouco mais do apoio dos seus pais e da sua família em relação à prática esportiva.

PG – Muito importante a família em tudo na nossa vida, são eles que sempre estão do meu lado, nas vitórias, nas derrotas e sempre apoiando no esporte que escolhi praticar. Nas competições aprendemos que às vezes os resultados não são os esperados e algumas vezes injustos, mas aprendi que Deus sempre está por nós e se trabalharmos duro a gente pode vencer.

Sombreiro Surf – Quais são seus planos como competidor no futuro próximo?

PG – Meus planos são: primeiro voltar às competições no próximo ano, e também às surf trips para evoluir em diferentes tipos de ondas, e, segundo o planejamento, em dois anos começar a competir nos QS WSL, e em quatro ou cinco anos entrar no WT, pouco a pouco o mais importante é evoluir e se sentir bem para alcançar meus objetivos.

Pietro Garmatz Garroux na “Pura Vida” surfe – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Quem são os seus patrocinadores e apoiadores?

PG – Meus patrocinadores agora são a JANGA Wetsuits / JANGA Wetsuits, marca de Portugal, um dos primeiros a me apoiar e que tem como dono o Nuno Azul, um grande amigo e incentivador, a parafina Fu Wax / Fu Wax e a Bully’s Acessórios / Bully’s Acessórios , estes dois através do Gilberto que é o representante aqui na América Central. Estou muito contente com estas parcerias, e sempre buscamos algo mais através de contatos e do fortalecimento da mídia social. Infelizmente, aqui na Costa Rica, por eu ser brasileiro ninguém quer apoiar muito, e os próprios surfistas daqui tem pouco apoio.

Pietro Garmatz Garroux rasgando forte na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf O jovem surfista na veia tem um perfil artístico no Instagram, o @pietrogarrouxart. Como se inspira e de onde vem essa corrente artística? A sua arte já saiu do papel para as pranchas no formato AirBrush?

PG – O desenho pra mim é a hora do relax, a única vez que coloquei um desenho numa prancha eu tinha sete anos, eu adoro desenhar e venho tentando aprender um pouco mais, ainda eu tenho dificuldade em luz e sombras, em breve vou tentar colocar um legal na prancha.

Sombreiro Surf – O que é viver e sentir a ‘Pura Vida’ da Costa Rica?

PG – Aqui é muito legal, não tem muito stress do trânsito, natureza pra todo lado, altas aventuras, o problema é que tenho poucos amigos que surfam, é legal surfar com moleques da minha idade, e a parte triste é que percebemos que a violência vem crescendo, e a pandemia deixou muita gente na pobreza, gostaria que também tivesse ondas maiores, mas é um paraíso!

Pietro Garmatz Garroux vivendo a “Pura Vida” na Costa Rica – Foto: Arquivo Pessoal

Sombreiro Surf – Deixe uma mensagem para o leitor do Sombreiro Surf com muito surfe na veia?

PG – A mensagem que deixo é que aprenda a gostar do surf em primeiro lugar, e que respeite todo mundo dentro da água, surf é life style!

Publicado: 04/01/2022

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