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Presidente da CBSurf emite nota à imprensa

Aracaju (SE), o1 de fevereiro de 2019

Entre novembro e dezembro de 2018, os dias foram conturbados nas redes sociais surf em Sergipe. O pedido de afastamento de Adalvo Argolo da presidência da entidade máxima do esporte no Brasil, a CBSurf – Confederação Brasileira de Surf, movida pelo carioca vice-presidente Guilherme Pollastri na Justiça Federal de Brasília.

O imbróglio se desenvolveu há alguns anos atrás entre os gestores que faziam parte do organograma da CBSurf. Presidentes de federações de surf das regiões sudeste e sul mostraram descontentamento com as gestões administrativas de Adalvo Argolo. Diversas alegações foram citadas em matérias jornalísticas, como a perpetuação do poder, valorização dos campeonatos na região nordeste, falta de incentivos aos atletas, entre outras.

O descontentamento aumentou no último mês de setembro, quando a CBSurf desistiu poucas horas antes de levar a delegação brasileira ao ISA World Surfing Games, no Japão. Os atletas estavam com as malas prontas e o caso foi amplificado pelas críticas de alguns competidores brasileiros do Championship Tour da World Surf League e pelo posicionamento da Comitê Olímpico Brasileiro. Pollastri estava afastado do cargo de vice-presidente desde o início de 2018 e argumentou para Justiça Federal de Brasília a temerária administração e falta de conhecimento sobre o processo de administração dos recursos públicos federais no decorrer da gestão de Argolo.

Adalvo Argolo na última etapa do CBSurf Júnior Tour realizada em Salvador, Bahia – Foto: CBSurf

No capítulo posterior da novela CBSurf, atletas iniciaram um manifesto contra a gestão de Adalvo Argolo, por meio das redes sociais, o pedido de afastamento em caráter liminar foi aceito pela Justiça Federal de Brasília, Pollastri assumiu a presidência de forma interina no último mês de dezembro. As divergências e as trocas de acusações se arrastaram até a nova decisão judicial, o retorno de Adalvo Argolo à presidência da CBSurf. No capítulo final, doze federações estaduais filiadas à entidade redigiram um manifesto pedindo de forma imediata a recondução de Adalvo Argolo ao cargo de presidente da CBSurf, inclusive a FSS – Federação Sergipana de Surf.

Muitos surfistas locais, empresários, competidores e simpatizantes cravaram a assinatura no abaixo-assinado digital pedindo o afastamento definitivo do presidente Adalvo Argolo da CBSurf e, em contrapartida, a posse do vice-presidente da entidade, o carioca Guilherme Pollastri. O abaixo-assinado circulou nos principais grupos surf do Whatsapp sergipano em dezembro. A redação do Sombreiro Surf constatou que o documento não ficou restrito somente a Sergipe, mas surfistas e competidores nordestinos também cravaram a assinatura digital.

Adalvo Argolo na última etapa do CBSurf Júnior Tour realizada em Salvador, Bahia – Foto: CBSurf

O fato é que grande parte dos surfistas não sabia o motivo real do afastamento de Adalvo e muito menos as brigas internas noticiadas em 2015 na entidade, mas mesmo assim assinaram o documento digital. O presidente da CBS foi julgado no “tribunal da internet” e por pouco seria execrado do cargo sem direito à defesa, seja por ignorância ou interesse excluso por parte dos “conhecedores do surf competitivo canarinho”.

Qual foi o real motivo dos irmãos nordestinos quererem o afastamento do presidente da CBS, a priori, e, consequentemente, a sede sair do nordeste (Bahia) e ir para a cidade do Rio de Janeiro? Olimpíadas de Tóquio 2020? Pan Americano de Lima 2019? Realização do Circuito Brasileiro de Surf de base 2019? CBS Tour 2019? Moralidade no tocante aos recursos públicos federais?

Presidente da CBSurf, Adalvo Argolo, ao lado do bi-campeão mundial de surf, o brasileiro Gabriel Medina – Foto: CBSurf

Confira a nota na íntegra do presidente da CBSurf – Confederação Brasileira de Surf, Adalvo Argolo, datada em 28 de janeiro de 2018.

 

“Caros dirigentes, atletas, jornalistas e amantes do surfe,

Em virtude dos últimos acontecimentos, amplamente divulgados pela imprensa, e também por grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram, achei necessário prestar alguns esclarecimentos.

Fui eleito democraticamente pelas federações e depois de ter sido afastado temporariamente da presidência da CBSURF fui reconduzido ao meu cargo por uma decisão da justiça.

Vale lembrar que meu afastamento se deveu ao fato de não ter sido encontrado para receber uma intimação. Nada além disso. Tanto que agora, após ter tido a oportunidade de me defender, estou de volta à presidência.

Tenho sido vítima de ataques, causados, na sua maioria, pela desinformação das pessoas. E parte desta falta de informação tem origem na ausência de uma comunicação mais frequente e eficaz com o público em geral. Pretendo melhorar esta comunicação daqui para frente.

Neste momento, o mais importante é trabalhar para minimizar as consequências negativas que este conflito gerou para o surfe brasileiro. E para a imagem da CBSURF como entidade.

Minha intenção, como presidente, é garantir a realização do Circuito Brasileiro de Surfe Profissional, o circuito de base Sub 14, Sub 16 e Sub 18, o circuito Master, o Circuito de longboard, o Circuito de SUP, o projeto de apoio ao surfe feminino, os preparativos para a disputa do Pan-Americano de Lima 2019 e das Olimpíadas de Tóquio 2020. Esta é a minha missão. E prometo me esforçar ao máximo para cumpri-la da melhor maneira possível.

2018 foi um ano de aprendizado e algumas realizações. Dois projetos foram muito importantes: a criação do CBSURF Tour, com premiação de 80 mil reais para homens e mulheres, e o projeto de apoio ao surfe feminino, que nacionalizou a atleta Tatiana Weston Webb, e apoiou as 3 atletas brasileiras mais bem colocadas no ranking da WSL: Tatiana Weston Webb, Silvana Lima e Tainá Hickel.

A decisão de apoiar o surfe feminino foi estratégica e tomada com o objetivo de aumentar as chances do Brasil conquistar uma medalha de ouro entre as mulheres em Tóquio 2020. Uma vez que na categoria masculina o Brasil estará bem representado em Tóquio 2020, visto que nos últimos anos, em especial em 2018, os surfistas brasileiros conquistaram as principais competições da WSL. Portanto, o apoio ao surfe feminino foi uma decisão estratégica com o objetivo de aumentar as chances de uma surfista brasileira – talvez duas – conquistar uma medalha em Tóquio 2020.

Sobre o Pan-Americano

Em novembro de 2018, a CBSURF – com o apoio do COB – levou o time brasileiro de surfe, Longboard e SUP – nas categorias masculina e feminina – para disputar, no Peru, o PASA GAMES 2018, prova classificatória para os Jogos Pan-Americanos Lima 2019. A delegação brasileira foi composta de 24 pessoas, entre atletas, técnicos, médico e preparador físico. Nossa delegação teve todos os custos pagos: passagens aéreas, estadia, transporte, alimentação e inscrições e uma estrutura profissional. O resultado foram 6 medalhas, o título de campeão pan-americano no longboard feminino e um segundo lugar geral por países. Portanto, o Brasil estará representado em todas as categorias do Pan Americano de Lima 2019.

Sobre a captação de patrocínio

Em 2017, a CBSURF firmou um contrato com a empresa Vivibrand, do grupo francês Publicys, e durante 12 meses – período em que este contrato esteve válido – foram feitas mais de 60 apresentações para as maiores marcas do mercado brasileiro: carros, telefonia, bancos, cervejas, refrigerantes, etc. Porém, a situação da economia e da política brasileira nos anos de 2017 – 2018 não ajudou. As incertezas políticas e econômicas vividas neste período fizeram com que as principais empresas brasileiras adiassem seus investimentos. Atualmente temos 4 negociações em andamento, que foram paralisadas durante o período em que estive afastado, mas que agora serão retomadas.

Sobre os recursos públicos

Neste momento, toda verba que a CBSURF vem tendo acesso, desde maio de 2018, é proveniente de recursos públicos, repassados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), oriundos da Lei Angelo Piva (LAP). Ou seja, a CBSURF presta contas destes recursos diariamente para o COB. E toda a movimentação financeira destes recursos está disponível para consulta pública no site do COB.

Caso alguma prestação de contas não seja aprovada pelo COB, a CBSURF deixa imediatamente de receber estes recursos. Portanto, a CBSURF tem periodicamente todas as suas contas auditadas pelo COB. E elas estão rigorosamente em dia. Ou seja, não existe nenhum recurso que não seja auditado e esteja disponível para consulta pública. Uma vez que a lei determina que assim seja feito.

Daqui pra frente

O surfe brasileiro precisa se unir. A expectativa da comunidade é muito grande e a CBSURF conta com a contribuição de todos que desejam ajudar. O cargo de presidente demanda muitas responsabilidades e eu aprendi bastante durante os últimos meses.

Eu estou disposto a ouvir a opinião de todos e aberto a implementar as melhores ideias e projetos. Sinceramente eu espero contar com a ajuda daqueles que desejam o melhor para o surfe brasileiro. Minha intenção é profissionalizar a gestão da CBSURF, pois não há outro caminho além da sua profissionalização.

Eu não tenho a intenção de centralizar o poder. Nem de me perpetuar na presidência da CBSURF. Mas vou defender o direito de cumprir o mandato para o qual eu fui eleito.

Adalvo Argolo

Presidente da CBSURF

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