Surf é terapêutico. Mas surfista também precisa de terapia
Maioria dos amantes do surf sabe que surfar é terapêutico, considerado uma terapia ocupacional e faz bem à mente e ao corpo: todos nos sentimos na pele os benefícios afetivos, emocionais e físicos que o surf entrega a quem se envolve e insiste em sua prática. Com o passar dos dias, das semanas, meses e anos dentro d’água, todo surfista percebe como a sua saúde física e mental se beneficia da prática. A gente se torna mais resistente fisicamente, mais ágil física e mentalmente, mais esbelto e mais atento as transformações do ambiente, entre tantos outros benefícios . A grande maioria de nós também se percebe mais resiliente e mais “ligado” nas coisas que acontecem ao seu redor.
Apesar de prazeroso, envolvente e dinâmico, o surf também envolve riscos e é efetivamente muito perigoso. Às vezes você pode se machucar com a prancha, se enrolar com a cordinha, receber uma pranchada, ser atacado por um peixe esfomeado, tocar em uma caravela ou água-viva, se afogar durante a atividade, bater o corpo em rochas, corais ou areia e uma série de outras coisas que podem acontecer na prática do esporte. E ainda assim, se você for picado pelo “vírus” do surf, você vai se sentir alegre, feliz, cheio de endorfinas e renovado depois de uma sessão de surf.
Todos que praticam, sabem que o surf é mais que um esporte. Acaba necessariamente se tornando o estilo de vida de quem pratica porque entre outras coisas, o surf faz você refletir espiritualmente sobre sua relação com os outros, com a natureza e o tempo e também sobre interagir melhor com o planeta.
Nesse sentido, estar atento às modificações que acontecem ao nosso redor e estar consciente dos condicionantes da saúde, faz com que a gente perceba que apesar de cuidar muito da saúde física, o cuidado com a saúde mental, exige da gente um cuidado com nossa mente consciente, no sentido de fazer as melhores escolhas e ter as melhores consequências possíveis. E veja nisso uma aproximação importante entre surf e as escolhas da vida: geralmente você tem que decidir rapidamente na onda da vida que se apresenta. Você faz o que acha apropriado e vai descobrindo as consequências desses movimentos no caminho e acaba aproveitando os resultados, seja um caldo histórico ou uma manobra bem executada que fica na memória pra sempre. Assim é na vida e assim é no surf.
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As escolhas exigem da gente uma percepção ampla dos processos que estão acontecendo, assim como demandam uma atenção nas nossas experiências passadas e nossas expectativas futuras, no que diz respeito às escolhas dentro do nosso repertório de comportamentos, sejam motores como no surf ou emocionais e afetivos, em nossa vida cotidiana. De uma forma ou de outra, a busca por equilíbrio é a batalha por saber como agir. Muitas vezes a gente percebe que não pode passar por situações difíceis sem um suporte técnico adequado. Qualquer pessoa se sente só e angustiada e isso também nos caracteriza como humanos e não há mal em entender que eventualmente a gente precisa de ajuda.
Apesar de saber que na vida e no surf a gente deve pegar a onda sozinho, depois que chegamos na areia, é sempre bom entender que a gente pode aprender mais e ser melhor no que a gente faz simplesmente reconhecendo que precisa de ajuda. E entre tantas profissões relevantes, a psicologia se mostra efetivamente apta a colaborar com as pessoas que buscam desenvolvimento pessoal. E o surfista, apesar de sarado, ágil e ligado, também precisa de suporte. Somos humanos, passivos de falhas e buscar ajuda agiliza a busca por saúde, e isso não tem preço.
Foto Destacada: FreePik
Contato Instagram do Psicólogo Evanildo Vasco Viana
*Os comentários e opiniões contidas nos textos dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do Sombreiro Surf Notícias.