Palanque Oficial Surf: sexo, violência e poluição ambiental
O Palanque Oficial do Surf de Sergipe, localizado na badalada Praia da Cinelândia, zona sul de Aracaju, foi palco de cena de sexo explícito num dia ensolarado e de praia lotada. Ao mesmo tempo, o equipamento público abandonado há quase dois anos é alvo de críticas e chacotas de internautas e surfistas desde as primeiras horas de 2021.
Imagine o cenário do ato de exibicionismo e voyeurismo: segundo andar do palanque das competições surf, de frente para o mar, sombra relaxante, brisa úmida e forte desejo de excitação para um casal desconhecido consumar a fantasia sexual na presença de banhistas, turistas e surfistas de todas as idades.
A narrativa não é de ficção, pois relata fatos da vida praiana da terra dos papagaios e cajueiros, vale lembrar, em plena pandemia mundial da Covid-19.
O vídeo picante se espalhou entre as redes sociais nos últimos dias. O casal anônimo em atos de atentado violento ao pudor (passível de processos penais), sem o mínimo de constrangimento, protagonizou repulsa social em parte da comunidade surf e dos cidadãos sergipanos.
O perfil Memes Aracaju, na rede social Twitter, publicou o filme porno no domingo (03), no frequentado Palanque Oficial. O Sombreiro Surf Notícias em respeito a todos os leitores, restringiu a apresentação do vídeo, mas você poderá assistir clicando aqui.
Já nos grupos de WhatsApp a cena sexual fez o maior sucesso, em contrapartida, o patrimônio dos surfistas sergipanos queimou o filme perante a opinião pública, por representar o triste cenário de abandono, total falta de controle de acesso nas dependências e, na ponta final, insegurança para todos cidadãos frequentadores da Praia da Cinelândia.
Embora não seja a primeira vez que ocorrem fatos negativos envolvendo o Palanque Oficial. Em novembro de 2017, o local foi alvo de um dos mais históricos baculejos realizados pela BPTUR da Polícia Militar de Sergipe, mais de 40 cidadãos foram abordados e revistados. Drogas e armas brancas foram apreendidas e os indivíduos responsáveis encaminhados à Delegacia.
Aliás, o local também é ponto de encontro dos jovens mais descolados que vivem noturnamente a Orla da Atalaia. Os frequentadores do calçadão da Praia da Cinelândia, na madrugada, têm acesso ao Palanque Oficial.
Nos primeiros raios de sol, o volume de lixo urbano ao redor da estrutura aumenta consideravelmente no final de semana. Garrafas de vidro, plásticos e latas de bebidas descartadas irregularmente poluem o meio ambiente praiano e colocam os banhistas em situação de risco. Surfistas já cortaram os pés pisando em caco de vidro e lata de alumínio cortada.
A vida marinha das praias da capital vive sobre pressão contínua dos plásticos e micro plásticos.
A Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) da Prefeitura de Aracaju realiza os serviços de limpeza das praias, incluindo a Praia da Cinelândia, de acordo com o cronograma semanal. Na visão dos surfistas, falta educação por parte dos frequentadores no tocante ao descarte dos resíduos sólidos.
História dos Palanques Oficiais Surf
1995 – Praia da Cinelândia
O primeiro palanque fixo para realização de campeonatos foi inaugurado em 1995. A Tribo do Mar Surf Club, em parceria com a Prefeitura de Aracaju do Governo Almeida Lima (liberação do espaço público) -1994 até 1996 – e empresas privadas ergueram a estrutura inédita na frequentada Praia da Cinelândia.
Além de realizar etapas do Circuito Tribo do Mar por vários anos, a palanque abrigou a 16º Etapa do Circuito Profissional de Surf da Associação Brasileira de Surf Profissional – Abrasp.
O palanque fixo da Tribo do Mar, também, era local de encontros dos atletas do Club, realização de aulas surf para jovens e adultos, reuniões visando à evolução esportiva, eventos artísticos com bandas musicais e festas particulares.
Patrocinadores financiavam parte da manutenção contínua da estrutura. Nos dois palanques construídos ao longo dos anos, os banhistas e surfistas não tinham acesso ao local e pessoas ligadas a Tribo do Mar Surf Club monitoravam a estrutura no decorrer do dia.
Segundo informações de alguns surfistas da década de 90, não existiu abandono de palanques para a equipe da Tribo do Mar. O trabalho era focado na preservação e no desenvolvimento positivo da imagem surf em Sergipe.
2005 – Praia do Havaizinho
A Secretaria do Esporte e do Lazer (SEEL) no Governo João Alves – 2003 até 2007 – inaugurou a segunda estrutura fixa de Sergipe, o Palanque Surf Marcos Chinês, no dia 18 de dezembro de 2005. Participaram do ato as autoridades públicas, presidente da Federação Sergipana de Surf (FSS), entre outros.
No local foram realizadas competições do Circuito Sergipano de Surf e Bodyboard. Para surfistas locais da Praia do Havaizinho, naquela época faltou gestão administrativa da Federação Sergipana de Surf na preservação da estrutura. Também, faltou captação de patrocinadores para manter o equipamento público e proteger as dependências.
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O acesso ao local era liberado 24 horas. Com o passar dos anos, iniciou o processo de depredação e abandono do Palanque Oficial.
Após o recuo parcial do oceano, a FSS alegou a falta de visão dos competidores no mar em dia de competição. Com o passar dos anos, foi solicitado à transferência do depredado patrimônio dos surfistas sergipanos.
2010 – Praça de Eventos (Vila do Forró)
A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) do Governo Marcelo Déda – 2007 até 2011, após solicitação da Federação Sergipana de Surf (FSS), transferiu o Palanque Oficial da Praia do Havaizinho à Vila do Forró, em março de 2010.
Na Praça de Eventos, o Palanque da FSS abrigou duas competições profissionais da Associação Nordestina de Surf Profissional – ANS e etapas dos Circuitos Sergipanos.
Em seguida, as ondulações voltaram paulatinamente à Praia do Havaizinho.
Naquele momento, surfistas locais criticaram o vultoso valor financeiro pago para realizar a transferência e manutenção. Para eles o montante pagaria a manutenção do equipamento na Praia do Havaizinho e a construção de um novo palanque na Praça de Eventos.
Ainda sim, o segundo investimento do dinheiro público no surf sergipano amador e profissional não foi tratado com zelo e respeito, mais uma vez o Palanque Oficial foi depredado e abandonado.
2017 – Praia da Cinelândia
A longa novela entre construções, remoções, reconstruções, abandonos e depredações não parou na segunda década do novo milênio. Mais uma vez o Palanque Oficial foi removido da Vila do Forró e reconstruído na Praia da Cinelândia. De acordo com a imprensa, existiu uma soma de esforços dos empresários locais para executar a obra.
A nova estrutura foi inaugurada no dia 16 de janeiro de 2017, com presença de autoridades públicas, lojistas surf wear e alguns surfistas atemporais. Entretanto, segundo surfistas experientes e praticantes assíduos, a responsabilidade de gerir o Palanque Oficial, o Palanque Surf Marcos Chinês, desde a primeira implantação é da Federação Sergipana de Surf (FSS).
Após a inauguração foram realizados campeonatos amadores, etapas do Circuito Sergipano e um ato de promoção do esporte de base. Em 2018, abrigou o Circuito Sergipano de Surf organizado por uma empresa de Marketing Esportivo, em parceria técnica da FSS e, também, campeonatos amadores.
Contudo, desde a inauguração do equipamento surf, a estrutura persiste abandonada e com livre acesso de pessoas. O Palanque Marcos Chinês, preste a completar quatro anos na Cinelândia, não recebeu manutenção contínua, sofre ações das intempéries naturais e de vândalos.
Gestões administrativas da Federação Sergipana de Surf (FSS) não viabilizaram múltiplas formas de utilização da estrutura para promover ações sociais e esportivas. Antes da pandemia, o Palanque Oficial ganhou fama entre a imprensa, moradores da Atalaia e banhistas, como ponto de sexo, venda de drogas, roubo à mão armada, arrastão, homicídio e grave poluição ambiental nos finais de semana.
O Sombreiro Surf fez a checagem prévia dos fatos narrados pelas fontes jornalísticas. Por se tratar de informações verdadeiras e de interesse público, os conteúdos foram divulgados respeitando o sigilo da fonte, que é uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso XIV, in fine, da Constituição Federal. Caso alguma autoridade pública queira noticiar o direito de resposta, basta enviar e-mail para: jornalismo@sombreirosurf.com.
Publicada: 08/01/2021
Atualizada: 23/06/2021