EsportesLongboardNotícias

Legends do surfe brasileiro terão bateria especial no Saquarema Surf Festival

Em sua 3ª edição, evento reúne várias gerações do surfe brasileiro em celebração ao esporte e seu estilo de vida
Carlos Mudinho (73), Mica (54), Otávio Pacheco (71) e Rico de Souza (71), nomes que marcaram a história do surfe no país, disputarão bateria especial, neste domingo, na Praia de Itaúna

Nesta semana, a comunidade brasileira do surfe está reunida na praia de Itaúna para o Saquarema Surf Festival em memória de Leo Neves, maior festival dedicado ao esporte e seu estilo de vida na América do Sul. Além das competições chanceladas pela WSL, que reúnem a elite e a nova geração de surfistas brasileiros e latino-americanos, o evento irá homenagear grandes lendas brasileiras do esporte, que disputarão uma bateria especial neste domingo, 30. 

Nascido e criado em Saquarema e um dos maiores embaixadores da cidade, o surfista Jeremias da Silva, mais conhecido como Mica, será o representante local na Bateria dos Legends. A celebração reunirá ainda Rico de Souza, surfista e shaper que pavimentou a entrada do Brasil no cenário internacional, Carlos Mudinho – um dos primeiros cariocas a desbravar as ondas de Saquarema – e Otávio Pacheco, um dos precursores do surfe no Arpoador.  

Jeremias da Silva, mais conhecido como Mica. Foto: Arquivo Pessoal

“O convite para participar desta bateria com os grandes precursores do surfe aqui em Saquarema é uma honra. Saquarema é o celeiro do surfe brasileiro, onde tudo começou. Foi essa geração que abriu portas para que a nova pudesse desfrutar de tudo o que está acontecendo aqui e no mundo do surfe. Foram eles que me motivaram a representar o surfe pelo mundo e me sinto muito honrado em fazer parte deste seleto grupo”, afirmou a lenda local e campeão brasileiro de Longboard, Jeremias “Mica” da Silva.  

______________________________________________________________________________

LEIA MAIS:

Dia dos Povos Indígenas: Elivelton Santos e Samuel Igo representam os Potiguara

______________________________________________________________________________

Um dos ícones da história do surfe no país, bicampeão brasileiro de surfe profissional, Rico de Souza, aos 71 anos segue trabalhando pelo esporte e não poderia ficar fora desta bateria. “É um prazer enorme fazer uma bateria de Legends com grandes amigos meus. O Mudinho é meu amigo desde pequeno, quando comecei a pegar onda. Uma pessoa que me ajudou muito no surfe e por quem eu tenho muito carinho. Um cara com um estilo maravilhoso, um grande surfista, que estava comigo no primeiro campeonato que eu venci em Santos, em 1967. O Otávio Pacheco é um grande amigo meu, somos da mesma geração, como o Mudinho. Viajamos juntos para o Havaí, surfamos ondas gigantes, é um cara por quem tenho muita consideração. E o Mica é um grande surfista! Já patrocinei ele, é um cara especial, mais novo que a gente, um Legend de Saquarema. Além destes, muitos outros Legends e parceiros ajudaram a construir o surfe brasileiro”, afirma.  

Bicampeão brasileiro de surfe profissional, Rico de Souza. Foto: Arquivo Pessoal

Rico revelou grandes nomes do esporte (Phil Rajzman, Chloé Calmon, André Luis “Deka”, Glenda Kozlowski, entre outros) que foram seus alunos na Escola de Surf Rico, fundada em 1982 na praia do Arpoador (RJ). “Saquarema é um lugar muito especial para mim, frequento o pico desde 1967/68, onde sempre competi e participei dos Festivais de Saquarema, onde tocaram grandes nomes como Raul Seixas e Rita Lee. Fico muito feliz em ver a cidade receber um campeonato tão espetacular e organizado e feliz em ter ajudado a pavimentar a estrada do surfe brasileiro”, completou Rico. 

______________________________________________________________________________

LEIA MAIS:

Entrevista Perfil: surfista profissional Romeu Cruz

______________________________________________________________________________

Bicampeão brasileiro de surfe profissional, Rico de Souza. Foto: Arquivo Pessoal

Para Mudinho, o evento marcará um reencontro com os amigos e as ondas. “Eu não surfo há dois anos, mas será um prazer estar nessa com amigos de longa data para celebrar o surfe brasileiro e o legado de Saquarema, o melhor pico de ondas do Brasil”, afirma. (Leia abaixo o depoimento completo de Mudinho sobre sua descoberta de Saquarema). 

Carlos Mudinho. Foto: Arquivo Pessoal

A disputa será em bateria aberta e a pontuação será aferida pelos mesmos juízes das competições oficiais da WSL que ocorrem no evento – QS 5000, Longboard Pro e Pro Junior. “O Brazilian Storm, que hoje leva o Brasil ao topo do surfe mundial, não teria existido sem essa geração de surfistas, que desbravou e estabeleceu novos picos e colocou nosso país no mapa do esporte. Não poderíamos celebrar o surfe seu estilo de vida sem lembrar e honrar essas lendas, a quem devemos muita reverência”, afirma Pedro Dau de Mesquita, sócio-diretor da 213 Sports, idealizadora e organizadora do Saquarema Surf Festival.

______________________________________________________________________________

LEIA MAIS:

Políticas públicas normalizadas para o desenvolvimento do esporte surfe no Nordeste

______________________________________________________________________________

Rico de Souza e Carlos Mudinho. Foto: Arquivo Pessoal

O vencedor será premiado com uma prancha exclusiva feita pelo surfista e shaper Leo Neves Jr, filho do surfista saquaremense Leo Neves, homenageado do evento. A prancha terá ainda uma arte personalizada do artista local Avner, responsável por  customizar pranchas de grandes nomes do esporte, como João Chumbinho. “Desde pequeno, aprendi a arte de fazer pranchas com o meu pai e hoje tenho o privilégio de manter o legado junto ao meu irmão. Estou muito honrado em fazer parte deste evento, que reconhece o legado de Saquarema e do meu pai para o surfe brasileiro, e em poder entregar o meu trabalho para uma grande lenda do esporte”, disse Leo Neves Jr

Bicampeão brasileiro de surfe profissional, Rico de Souza. Foto: Arquivo Pessoal

A 3ª edição do Saquarema Surf Festival é apresentada pela Prefeitura de Saquarema, tem patrocínio do Banco do Brasil e GShock Brasil com apoio da New Era, Garytos e Cerveja Enseada. Parceiro institucional Feserj (Federação de Surfe do Estado do Rio de Janeiro) e ASS (Associação de Surfe de Saquarema). Realização 213 Sports, vertical de esportes da V3A. Evento licenciado pela WSL Latin America. 

______________________________________________________________________________

LEIA MAIS:

Exploração de petróleo ameaça a foz do rio São Francisco

______________________________________________________________________________

Carlos Mudinho no Pier. Foto: Arquivo Pessoal

Relato de Carlos Mudinho

Conheci a Saquarema no ano 1964, pela excursão da comunidade surda e adorei. As ondas eram gigantes e eu temia pela visão. Fiquei curioso de frequentar Saquarema e meu amigo, Penho, que tinha a casa em frente ao point, sempre via as ondas perfeitas rolando. Naquele tempo, era preciso atravessar nas barcaças do Rio- Niterói e eu sempre ia sozinho, para fugir do crowd intenso do Píer nos fins de semana. Eu ia e curtia as maravilhosas ondas de Itaúna sem crowd e o pessoal do Pier sempre perguntava onde eu estava, mas eu guardava o segredo. Só alguns amigos sabiam que eu ia pegar onda em Itaúna, mas era um sacrifício chegar lá, atravessar a Baía de Guanabara. Antes de frequentar a casa do Penho, acampava no meio de Itaúna, longe do crowd e muitas vezes surfava altas ondas sozinho, até conhecer os locais. São muitas boas lembranças dessa época. Quando fui com um grupo de brasileiros para o Havaí em 1974, fui o único do grupo que descia bem as ondas havaianas, pois surfava sempre em Saquarema, que tinha ondas poderosas como as havaianas. Tanto que os hawaianos pensavam que eu era local e logo fui respeitado lá. 

Fonte: Casa do Bom Conteúdo por e-mail

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *