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Gabriel Medina sofre derrota questionável no Pro Bells Beach e julgamento vira alvo de debate

Tricampeão mundial derrotado por Cole Houshmand. Torcida Brasileira critica notas de Gabriel Medina e julgamento da WSL é questionável

O retorno do Rip Curl Pro Bells Beach após a interrupção devido à falta de boas ondas ocorreu na noite desta Sexta-feira (29) da Paixão no Brasil. A quarta etapa do World Surf League (WSL) Championship Tour (CT) está recebendo críticas da torcida brasileira e de outros países. Mais uma vez, o critério de julgamento “subjetivo” foi questionado durante a bateria entre o tricampeão mundial Gabriel Medina e o estreante norte-americano Cole Houshmand, no sétimo confronto do round 32, nas ondas de Winki Pop, em Victoria, Austrália.

Os comentários nas redes sociais da World Surf League e de especialistas do esporte, que não são especificamente jornalistas esportivos, além de veículos da imprensa mundial, destacam que além de Gabriel Medina, outros surfistas também foram prejudicados em seus confrontos, como australiano George Pittar, vencedor da triagem para representar a marca patrocinadora do Pro Bells Beach, e o marroquino Ramzi Boukhiam.

As repercussões questionáveis da derrota afetam diretamente a saúde mental do atleta, um fato incontestável e recorrente no campeonato mundial. Em entrevista à World Surf League, Gabriel Medina questionou mais uma vez os critérios de julgamento aplicados em sua bateria.

Comentários de internautas no Instagram da World Surf League. Imagem: Divulgação

A WSL pontuou anteriormente, que a variedade de manobras, manobras inovadoras e progressivas com alto grau de dificuldade, fluidez na conexão de manobras e na onda, comprometimento nas manobras, grau de dificuldade na aplicação em locais críticos foram os critérios estabelecidos para a qualidade da onda de Winki Pop no sábado (29) de sol brilhando na Austrália e águas geladas.

Na melhor onda da disputa, Gabriel Medina aplicou uma sequência de manobras variadas com muita fluidez, conectando uma com a outra sem bater prancha: abriu com uma forte batida de backside, conectou para um floater voltando no vazio para passar a sessão na fluidez, acertou outra grande batida no topo do lip, para aplicar outro floater na velocidade, e conectar para um rasgada na pressão e bater forte mais uma vez para finalizar a onda. Os juízes pontuaram 7,10 pontos para Gabriel.

Gabriel Medina no Rip Curl Pro Bells Beach, em VictoriaAustrália. Foto: Aaron Hughes / WSL

Em seguida, Gabriel Medina aplicou uma manobra inovadora e progressiva, soltando uma batida de backside para ganhar velocidade e conectou para um aéreo com rotação completa, com alto grau de dificuldade em um local crítico da onda, a junção quebrando na rasa bancada, demonstrando o comprometimento na volta da manobra, já que segurar a turbulência da espuma não é tarefa fácil. Os juízes, seguindo os critérios da WSL, deram 6,30 pontos.

Alguns internautas apontaram diferenças nos critérios de julgamento entre as duas maiores instituições do surfe mundial, a International Surfing Association (ISA), responsável juntamente com o Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo sistema de qualificação dos atletas para os Jogos Olímpicos, e a World Surf League. Durante a bateria, dependendo das situações momentâneas que geram alta pressão mental para os atletas, as manobras aéreas isoladas, ou não, não são tão valorizadas como o surf de borda para os juízes do WSL Championship Tour.

Comentários de internautas no Instagram da World Surf League. Imagem: Divulgação

Vale lembrar a final do ISA Games de Porto Rico, onde Gabriel Medina conquistou vaga para disputar os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Na primeira onda, o brasileiro aplicou um grande aéreo e duas batidas, alcançando 9,00 pontos. Como os internautas apontaram, ondas diferentes, manobra aérea executada mais limpa e de frontside, sem turbulência da espuma, mas que alcançou a excelente marca de 9,00 pontos. O julgamento da World Surf League não acompanha a valorização das manobras aéreas progressivas, com comprometimento e alto grau de aplicação?

Comentários de internautas no Instagram da World Surf League. Imagem: Divulgação

Cole Houshmand alcançou a virada na última onda, e o tamanho da onda foi questionado por internautas e especialistas, assim como outros critérios que norteiam o desempenho do atleta e a nota final. O americano estava mais lento de backside, comparado à fluidez de Gabriel. Houshmand aplicou cinco manobras, sendo uma rasgada forte e uma batida invertendo a rabeta da prancha, que jogaram água, também aplicou uma rasgada funcional e uma batida na junção para finalizar. A onda foi avaliada em 7,47 pontos, a melhor da disputa para o corpo de jurados da WSL.

Cole Houshmand no Rip Curl Pro Bells Beach, em VictoriaAustrália. Foto: Aaron Hughes / WSL

A comparação das melhores ondas de Gabriel Medina e de Cole Houshmand começou logo após o término do confronto, com vídeos sendo disseminados nas redes sociais, levantando questionamentos duvidosos sobre o critério de julgamento, como apontaram os internautas e especialistas do esporte. O norte-americano venceu o confronto pelo placar de 14,27 pontos, avançando para as oitavas de final, enquanto Medina somou 13,77 pontos.

Na transmissão ao vivo, o tricampeão foi entrevistado pela repórter da WSL. Ele disse de forma tranquila ao saber do resultado final da bateria:

Eu cometi o erro? Isso é engraçado. Esse é o pior julgamento que eu já vi. Isso é ruim para o esporte. Já sofri bastante com os juízes, mas talvez dessa vez tenha sido o pior. É algo que precisamos conversar sobre. A gente espera que não aconteça, mas acontece. Só espero que melhore, que nos ouçam mais. Mas é o que é, acontece. Deram a melhor onda da bateria pra ele, numa onda bem menor. Vou tentar focar no meu surfe, mas isso é triste”, comentou Gabriel Medina.


Gabriel Medina na entrevista do Rip Curl Pro Bells Beach, em VictoriaAustrália. Foto: Aaron Hughes / WSL

Com a derrota, Gabriel Medina se despediu da quarta etapa do WSL Championship Tour, o Pro Bells Beach, na 17ª posição, somando 1.330 pontos para o ranking. No momento atual, o tricampeão mundial caiu quatro posições, ocupando a 19ª posição, próximo à linha de corte da metade da temporada.

O foco do atleta se volta para a última etapa da perna australiana, Margaret River Pro, que começa no dia 11 de abril e segue até 21, na Austrália. A quinta etapa do World Surf League Championship Tour promete emoções e muito equilíbrio para os atletas que enfrentam desafios, incluindo os mentais que estão próximos ou na linha de corte.

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