Surfistas da Praia do Havaizinho assistem queda de avião na Atalaia
No final da manhã da última quinta-feira (6), dezenas de surfistas presentes no outside da Praia da Havaizinho, Orla da Atalaia, Zona Sul de Aracaju, assistiram estarrecidos a queda do avião monomotor de prefixo PR-ZSF, modelo RV-10 com capacidade para três ocupantes, no manguezal da Atalaia, entre a Av. Desembargador José Antônio de Andrade Goes, na Coroa do Meio e, a Associação dos Pescadores da Atalaia Velha.
“Você viu o avião cair? Ele passou por aqui baixinho e balançando, sem instabilidade, soltando um pouco de fumaça e caiu na Coroa do Meio. Você não viu meu brother?”, de forma atônica perguntou o surfista Fernando ‘Bahia’ para o editor do Sombreiro Surf no outside, após a trágica ocorrência.
A cena foi marcante para os surfistas acostumados entre pousos e decolagens de aeronaves de vários modelos do Aeroporto Internacional de Aracaju Santa Maria. A localização da Praia do Havaizinho fica na direção da pista e, por isso, a movimentação dos aviões se torna uma atração à parte para quem assiste, especialmente quando o vento está no quadrante de terral – oeste/leste -.
“Eu estava indo para casa de bicicleta, pedalando na calçada da Avenida Beira Mar, próximo ao posto de gasolina BR, em frente à Associação dos Pescadores. A cena foi forte, o avião caiu bem próximo, o barulho foi enorme. O piloto foi habilidoso e pensou no próximo! Já pensou se ele não tivesse mirado no mangue? Seria uma grande tragédia, muita gente morreria, a região é populosa”, relatou o experiente surfista Henrique ‘Paulo Barreto’, na manhã da última sexta-feira, 07, na Orla da Atalaia.
Entre perplexidade, comoção, sensação de impotência e ondas abrindo emparedadas com pressão, a conversa dos surfistas girava entorno da tomada de decisão do piloto da aeronave em pousar no manguezal.
A manhã de sol encoberto de outono, com ondas quebrando acima de um metro nas excelentes séries, vai ficar na lembrança de inúmeros surfistas, não apenas pelo bom surfe em um mar liso, sem correnteza e de água limpa, mas devido a grande fatalidade nunca vista nas praias dos bairro Atalaia.
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Segundo as autoridades, o piloto Adriano Leon, de 32 anos, deixou um passageiro em Aracaju e decolou com destino à cidade de Unaí, a 609 km de Belo Horizonte. Posteriormente a decolagem, o piloto comunicou grave problema à torre de comando. Ele desviou a rota para retornar ao aeroporto, mas faltando 3 km caiu na região de mangue da Atalaia.
A Agência Nacional de Aviação (ANAC) confirmou à imprensa local a situação regular da aeronave.
Poucos minutos após o ocorrido, a equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe iniciou a busca por sobreviventes, porém a densa vegetação, a instabilidade do solo e o ciclo da maré dificultaram o trabalho de resgate.
No final da manhã de sexta-feira, 07, uma parte do motor foi localizada, e, em seguida, um membro superior do corpo humano – braço – foi resgatado pelos bombeiros. A equipe do Instituto Médico Legal (IML) realizou o reconhecimento do piloto da aeronave, através das impressões digitais de alguns dedos.
Uma equipe do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), órgão ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) do Comando da Aeronáutica, acompanha a retirada dos destroços da aeronave para realizar a perícia e chegar à causa real do acidente.
A Polícia Federal também investiga a ocorrência. As equipes do Grupamento Tático Aéreo (GTA), SMTT, Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e Defesa Civil de Aracaju estão trabalhando incansavelmente desde os primeiros minutos após o acidente.
Publicado: 08/05/2021
