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Filipe Toledo vence outra final com Medina no Jeep Surf Ranch Pro e Brasil volta a dominar o top-3 do CT

Os brasileiros continuam reinando na piscina de ondas criada por Kelly Slater no deserto da Califórnia, com Gabriel Medina e Filipe Toledo decidindo o título em todas as três edições desta etapa do World Surf League Championship Tour. Mas, dessa vez Filipe conseguiu quebrar a invencibilidade de Medina e é o novo campeão do Jeep Surf Ranch Pro apresentado pela Adobe. Com a vitória, o Brasil volta a dominar o topo do ranking mundial, com Medina em primeiro, Italo Ferreira em segundo e Filipe Toledo voltando ao terceiro lugar na classificação geral das seis etapas completadas no domingo emocionante na Califórnia.

“Finalmente! O Gabriel ganhou os outros dois eventos aqui e eu ficava com aquele gosto amargo. Então é uma ótima sensação vencer agora, especialmente contra o Gabriel, que tem dado um show no circuito e já está garantido no WSL Finals”, disse Filipe Toledo. “Hoje é um dia muito especial, é Dia dos Pais (nos EUA), minha família inteira está aqui, meus filhos, a minha esposa e meus amigos, então está sendo um evento muito significativo. Não só pela vitória, mas pelo meu surfe também. Foi incrível passar bastante tempo na Austrália com meus amigos do Tour, mas estar aqui com a família não tem preço”.

Filipe Toledo (Foto: Kenny Morris/World Surf League)

A vitória de Filipe na final homem a homem neste novo formato do Surf Ranch, foi garantida na segunda direita que ele surfou. Começou com uma rasgada forte, seguindo com batida, outra rasgada, mais uma, outra muito mais expressiva puxando pra dentro, entra no tubo bem longo, já sai mandando batidas e rasgadas uma atrás da outra, variando cada ataque com manobras progressivas e inovadoras, até pegar outro tubo, sumir lá dentro, na saída voa num alley-oop e aterrisa emendando uma rasgada jogando a rabeta.

Os juízes dão nota 9,67 para ele, a segunda maior de todo o campeonato, ficando abaixo só do 9,73 recebido por Yago Dora na primeira esquerda que ele surfou na semifinal. Filipe já tinha começado na frente na decisão, com 7,50 na direita e 7,33 na esquerda. Por ter ficado em primeiro na semifinal, Medina era o segundo a entrar e iniciou com uma nota maior, 8,67, com batidas verticais de backside, tirando as quilhas da onda nas rasgadas, faz um tubo longo e profundo, segue atacando forte, tubo e fecha com aéreo reverse.

Gabriel Medina (Foto: Tony Heff/World Surf League)

Isso que a direita era o ponto fraco dele. Na esquerda, ainda é dele o recorde de nota na história do Surf Ranch, 9,93 na final de 2019, quando foi bicampeão com até hoje imbatíveis 18,86 pontos de 20 possíveis. Só que na decisão do domingo, ele não conseguiu repetir suas atuações e falhou nas duas esquerdas. Na última, precisava de 9,28 para vencer e tinha feito 9,27 na onda que confirmou sua vitória na semifinal. Era a última chance de bater os 17,94 pontos de Filipe Toledo, mas novamente errou no início da onda.

“Estou feliz por mais uma final, mas o Filipe venceu dessa vez”, conformou-se Gabriel Medina. “Esse evento é divertido, porque as ondas sempre são boas. Tem o lado da pressão, que deixa tudo mais interessante, mas eu queria ter mais uma chance na esquerda (risos). O Filipe é o meu favorito aqui, sempre temos batalhas boas e ele surfa muito nessas ondas. Para ser sincero, estou muito cansado e só quero ir para casa. Estou na estrada desde o Natal e ainda não voltei para casa, então sinto que preciso descansar um pouco. Apesar de estar sendo uma longa estrada, tenho viajado junto com a Yasmin (Brunet, sua esposa), então fica mais divertido e temos aproveitado bastante esse tempo juntos”.

Filipe Toledo e Gabriel Medina (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

CAPITÃO DA SELEÇÃO – O domingo foi emocionante, desde as últimas ondas do Qualifying, que definiram os classificados para a semifinal. Metade dos oito finalistas era do Brasil. Yago Dora e o capitão da seleção brasileira no CT, Adriano de Souza, tinham saído do G-8, mas aproveitaram a última chance para recuperar seus lugares, ambos nas esquerdas. Mineirinho entrou depois do Kelly Slater e trocou sua lycra com a dele para entrar na piscina.

“Esse evento é muito importante para mim e tem muitas emoções envolvidas aqui”, disse Adriano de Souza. “Fiquei honrado de o Kelly aceitar o meu tributo, porque ele foi o incentivo para eu ser surfista profissional. Uso ele como referência desde a minha infância. Ele já me deu muito trabalho, mas eu dei o troco também. Agora, no meu último ano no Tour, é muito bom estar competindo com ele e é incrível essa oportunidade de usar a lycra dele. Sei que tem uma galera mais nova que sonha em ser como ele, então hoje consegui viver essa sensação”.

Adriano de Souza (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

Mineirinho não foi bem na direita, mas surfou a esquerda inteira e a nota 7,13 recebida o levou para o quarto lugar na classificação geral. Adriano completou a onda apontando para as costas, para o nome Slater e o número 11 do onze vezes campeão mundial. Já o atual campeão mundial e vice-líder do ranking, Italo Ferreira, fracassou na tentativa de se classificar e terminou em nono lugar no Jeep Surf Ranch Pro apresentado pela Adobe.

Mas, Yago Dora deu um show. Primeiro aumentou a nota da direita de 5,87 para 6,50. Depois, massacrou a esquerda de uma forma impressionante, manobrando forte, entubando e voando nos aéreos para receber a maior nota do evento, 9,50. Com ela, foi direto para o terceiro lugar no Qualifying com 16,00 pontos, só ficando abaixo do Gabriel Medina com 17,00 e do Filipe Toledo com 17,80. Tudo foi zerado para os oito finalistas, que na semifinal voltaram a surfar duas direitas e duas esquerdas, em duas entradas na piscina.

Filipe Toledo com o número 13 do Adriano de Souza (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

RECORDE NA SEMIFINAL – O primeiro a competir foi o dono da casa, Kelly Slater, que inexplicavelmente caiu logo no início da direita e da esquerda também. Já Griffin Colapinto foi bem, com 8,73 na direita e 7,50 na esquerda. Adriano de Souza conseguiu 6,87 e 7,07 em sua primeira volta. Kanoa Igarashi começou bem na direita com 8,93, mas a esquerda foi fraca. Já Yago Dora caiu na direita e novamente deu show na esquerda, acertando tudo numa rotina incrível que arrancou a maior nota do Jeep Surf Ranch Pro, 9,73.

“Estou muito feliz com essa esquerda e tenho mais uma depois pra tentar a nota 10 (risos)”, brincou Yago Dora. “Eu sabia que precisava compensar a queda na direita. Foi um erro estúpido. Fiquei muito fundo no tubo e não dá para fazer isso nessa onda. Uma vez que a espuma te pega, é bem difícil de sair. Mas, tenho outra chance pra tentar corrigir esse erro”.

Yago Dora (Foto: Jackson Van Kerk/World Surf League)

Depois do catarinense, entraram os dois melhores surfistas da piscina. Medina mostrou todo seu potencial na direita, começando com nota 8,37 a disputa pelas duas vagas na grande final. Mas, falhou na esquerda. O único que superou os 16,23 pontos de Griffin Colapinto foi Filipe Toledo, que totalizou 16,87 pontos, com notas 8,70 na direita e 8,17 na esquerda.

VOLTA DECISIVA – Na volta decisiva, Kelly Slater terminou a direita, porém continuou em último entre os oito finalistas. Griffin Colapinto caiu na direita, mas melhorou a esquerda trocando 7,50 por 7,77, mantendo a outra vaga na final com 16,50 pontos. Adriano de Souza conseguiu um 7,60 na esquerda e aumentou sua pontuação para 14,47, mas ficou de fora da briga do título. Já Kanoa Igarashi assumiu a ponta com 16,93 pontos, com a nota 8,00 que recebeu na esquerda, para somar com o 8,93 da primeira direita que surfou.

A pressão ficou para os três brasileiros que foram os melhores do Qualifying. Yago Dora estava com maior nota do evento (9,73) e a direita era fraca, então precisava de uma nota 7,16 para poder superar os 16,87 do Filipe Toledo, que tinha perdido a liderança para o japonês. Só que o catarinense falhou de novo e somou 3,33, ficando em sexto lugar no geral.

Gabriel Medina (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

NOVO RECORDE – Já Gabriel Medina não desperdiçou a última chance e deu um espetáculo em sua segunda volta na semifinal. Ele aumentou a nota da direita de 8,37 para 8,83 e somou 9,27 na esquerda, atingindo 18,10 pontos, a maior somatória do Jeep Surf Ranch Pro e a segunda maior dos 3 anos da história desta etapa. Só não superou os 18,86 da sua vitória em 2019.

Com Medina assumindo o primeiro lugar na semifinal, Igarashi caiu para segundo e Filipe saiu da zona de classificação. Ele entrou pressionado para sua última volta, mas já garantiu sua vaga na direita, surfando de forma incrível, com uma série interminável de manobras inovadoras e progressivas e se entocando profundo nos tubos. Ele ganhou nota 9,57 e atingiu 17,74 pontos, já tirando o japonês da final. Nem precisou surfar a esquerda, guardando energias para conquistar seu primeiro título no Surf Ranch.

Filipe Toledo e Johanne Defay (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

FRANCESA CAMPEÃ – Na categoria feminina, quem deu as cartas foi a francesa Johanne Defay. Ela e a havaiana Carissa Moore travaram uma batalha particular desde o início do evento. Ambas completaram todas as ondas que surfaram, com poucos erros. Carissa ficou em primeiro lugar no Qualifying com 17,53 pontos, com Johanne Defay em segundo com 16,63. A australiana Sally Fitzgibbons com 15,40 e a brasileira Tatiana Weston-Webb com 15,13, também se classificaram para a semifinal.

A gaúcha foi a primeira a surfar na disputa pelas duas vagas na grande final e não começou bem. A australiana foi melhor, totalizando 14,83 pontos. Mas, quem quebrou tudo logo na primeira volta foi Johanne Defay. Com batidas verticais, grandes rasgadas e tubos bem surfados, a francesa ganhou 7,57 na direita e 8,50 na esquerda, para totalizar imbatíveis 16,07 pontos na semifinal. Carissa Moore conseguiu 14,57 pontos e ficou em terceiro.

Tatiana Weston-Webb (Foto: Pat Nolan/World Surf League)

Na segunda volta, Tatiana Weston-Webb entrou na briga. Acertou tudo nas duas ondas, somando 7,60 da direita, com a maior nota que conseguiu em três anos no Surf Ranch, 8,17. Com 15,77 pontos, assumiu a segunda vaga para a grande final. Sally Fitzgibbons não conseguiu supera-la e ficou em quarto lugar com 15,33. Mas, Carissa Moore também trocou as duas notas, para 7,40 na direita e 8,50 na esquerda, tirando a brasileira da disputa do título.

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DECISÃO FEMININA – Na decisão, a tetracampeã mundial e líder no ranking com sua vaga já confirmada no Rip Curl WSL Finals, começou forte na direita, com nota 8,33. A esquerda não foi tão boa, valeu 6,83. A francesa fez o contrário, conseguindo só 6,67 na direita, mas o 8,70 da esquerda garantiu o primeiro lugar por uma pequena diferença de 15,37 a 15,16 pontos.

Na segunda e última volta na piscina, Carissa aumentou a nota da esquerda de 6,83 para 7,90, encerrando sua participação com 16,23 pontos. Johanne precisava de um 7,54 na direita para vencer e surfou com cuidado, mas sem deixar de atacar forte todo espaço da onda, ficar profundo nos tubos e surfar a onda toda. Ficou o suspense pela nota e foi anunciado 7,93 para a francesa comemorar a sua primeira vitória na temporada com 16,63 pontos, assumindo a segunda posição no ranking da World Surf League.

Johanne Defay (Foto: Tony Heff/World Surf League)

“É uma sensação insana, indescritível e estou muito feliz por ter ganhado este evento”, vibrou Johanne Defay. “Ainda bem que nem precisei surfar a esquerda, porque realmente já estava sem pernas. O último evento aqui em 2019 eu também estava em primeiro, mas a Lakey (Peterson) me ganhou na última onda. Senti que melhorei meu surfe nas direitas para não ficar só dependendo das esquerdas. Fico feliz saber que fui para o segundo lugar no ranking. Todo mundo quer chegar nos Top-5 para ir para o WSL Finals. Esse novo formato está criando muita expectativa, então espero criar dificuldade para as outras competidoras”.

RIP CURL WSL FINALS – Com o término do Jeep Surf Ranch Pro apresentado pela Adobe, restam agora duas etapas para definir as últimas vagas para completar os grupos dos top-5 e das top-5 que vão disputar os títulos mundiais da temporada 2021 no Rip Curl WSL Finals. A decisão será no melhor dia de ondas no período de 9 a 17 de setembro em Lower Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. A próxima é o Corona Open Mexico apresentado pela Quiksilver em Barra de La Cruz, em Oaxaca, de 10 a 20 de agosto no México. A outra é o Outerknown Tahiti Pro, de 24 de agosto a 3 de setembro nos perigosos tubos de Teahupoo.

RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO JEEP SURF RANCH PRO:
Campeão: Filipe Toledo (BRA) por 17,94 pontos (D-9,67+8,27-E)
Vice-campeão: Gabriel Medina (BRA) com 10,60 pontos (D-8,67+1,93-E)
——–3.o lugar na Semifinal com 6.085 pontos no ranking
3.o- Kanoa Igarashi (JPN) com 16,93 pontos (D-8,93+8,00-E)
4.o- Griffin Colapinto (EUA) com 16,50 pontos (D-8,73+7,77-E)
——–5.o lugar na Semifinal com 4.745 pontos no ranking
5.o- Adriano de Souza (BRA) com 14,47 pontos (D-6,87+7,60-E)
6.o- Yago Dora (BRA) com 13,05 pontos (D-3,33+9,73-E)
7.o- Ethan Ewing (AUS) com 12,77 pontos (D-7,10+5,67-E)
8.o- Kelly Slater (EUA) com 11,53 pontos (D-7,20+4,33-E)
——–9.o lugar no Qualifying com 3.320 pontos no ranking
9.o- Conner Coffin (EUA) com 14,47 pontos (D-7,17+7,30-E)
10.o- Owen Wright (AUS) com 14,27 pontos (D-7,37+6,90-E)
11.o- Italo Ferreira (BRA) com 13,97 pontos (D-7,70+6,27-E)
12.o- Miguel Pupo (BRA) com 13,97 pontos (D-7,37+6,60-E)
13.o- Frederico Morais (PRT) com 13,67 pontos (D-7,00+6,67-E)
14.o- Seth Moniz (HAV) com 13,44 pontos (D-7,17+6,27-E)
15.o- Leonardo Fioravanti (ITA) com 13,10 pontos (D-6,23+6,87-E)
16.o- Morgan Cibilic (AUS) com 13,00 pontos (D-6,67+6,33-E)

DECISÃO FEMININA DO JEEP SURF RANCH PRO:
Campeã: Johanne Defay (FRA) por 16,63 pontos (D-7,93+8,70-E)
Vice-campeã: Carissa Moore (HAV) com 16,23 pontos (D-8,33+7,90-E)
——–3.o lugar na Semifinal com 6.085 pontos no ranking
3.a- Tatiana Weston-Webb (BRA) com 15,77 pontos (D-7,60+8,17-E)
4.a- Sally Fitzgibbons (AUS) com 15,33 pontos (D-7,50+7,83-E)
——–5.o lugar no Qualifying com 4.745 pontos no ranking
5.a- Caroline Marks (EUA) com 14,70 pontos (D-7,70+7,00-E)
6.a- Courtney Conlogue (EUA) com 14,00 pontos (D-7,37+6,63-E)
7.a- Stephanie Gilmore (AUS) com 13,86 pontos (D-7,93+5,93-E)
8.a- Coco Ho (HAV) com 12,84 pontos (D-6,67+6,17-E)

TOP-10 DO RANKING 2021 DA WORLD SURF LEAGUE – 6 etapas:
1.o- Gabriel Medina (BRA) – 46.720 pontos
2.o- Italo Ferreira (BRA) – 33.555
3.o- Filipe Toledo (BRA) – 32.065
4.o- Morgan Cibilic (AUS) – 24.610
5.o- Griffin Colapinto (EUA) – 24.235
6.o- Kanoa Igarashi (JPN) – 23.545
7.o- Jordy Smith (AFR) – 22.770
8.o- Conner Coffin (EUA) – 22.205
9.o- Yago Dora (BRA) – 20.215
10.o- John John Florence (EUA) – 19.925
———–outros brasileiros:
13.o- Adriano de Souza (BRA) – 15.735 pontos
13.o- Miguel Pupo (BRA) – 15.735
19.o- Caio Ibelli (BRA) – 13.950
23.o- Jadson André (BRA) – 11.820
24.o- Deivid Silva (BRA) – 11.395
26.o- Peterson Crisanto (BRA) – 10.895
32.o- Alex Ribeiro (BRA) – 6.915

TOP-10 DO RANKING DA WORLD SURF LEAGUE:
1.a- Carissa Moore (EUA) – 43.855 pontos
2.a- Johanne Defay (FRA) – 34.645
3.a- Sally Fitzgibbons (AUS) – 34.270
4.a- Tatiana Weston-Webb (BRA) – 33.625
5.a- Stephanie Gilmore (AUS) – 29.390
6.a- Caroline Marks (EUA) – 28.660
7.a- Tyler Wright (AUS) – 27.095
8.a- Isabella Nichols (AUS) – 23.555
9.a- Courtney Conlogue (EUA) – 21.840
10.a- Keely Andrew (AUS) – 19.705

Fonte: João Carvalho/WSL Latin America

Publicado: 22/06/2021

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